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Radar econômico

Contra a crise, França prepara "pacto de competitividade"

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Por pressão das sociedade e principalmente das empresas, presidente francês, François Hollande, se vê confrontado a tomar uma atitude para a França retomar a competitividade face aos concorrentes europeus e, mais ainda, de países com mão de obra barata, como os asiáticos. Ontem, na OCDE, ele prometeu anunciar um pacote de medidas para estimular o setor empresarial, mas por enquanto o governo deixa escapar que uma redução dos custos do trabalho na França não estaria nos planos.

O ministro da indústria, Arnaud Montebourg, promove campanha dos produtos franceses, para estimular produção nacinal.
O ministro da indústria, Arnaud Montebourg, promove campanha dos produtos franceses, para estimular produção nacinal. leparisien.fr
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O chamado pacto de competitividade deve levar em consideração um amplo estudo sobre o assunto, encomendado pelo governo. Só que esta análise concluiu que é necessário promover 30 bilhões de euros de diminuição das cargas trabalhistas nos próximos dois anos, com impactos nos salários, aposentadorias e licenças. Eric Heyer, economista do Observatório Francês de Conjuntura Econômica, ligada à Sciences Po, afirma que "um choque de oferta positivo através de um choque de demanda negativo poderá não compensar os efeitos benéficos de uma redução dos custos do trabalho".

Heyer sustenta que o maior problema do governo socialista foi não ter traçado, até agora, uma verdadeira estratégia de crescimento. Para ele, Hollande parece atirar para todos os lados e essa demora para decidir o que vai fazer está deixando o governo perdido, com algumas ações localizadas, como mais apoio ao desenvolvimento e à inovação, mas sem uma ação coordenada que faça a França voltar aos trilhos do crescimento, na opinião do economista.

Outro analista, Frédéric Monlouis Félicité, do Institut de l'Entreprise, um think tank francês de tendência liberal, defende um verdadeiro choque de competitividade. Ele acha que está mais do que na hora de a França reformar o seu sistema social, de maneira a pesar menos para as empresas mas ainda muito distante do modelo anglosaxão, em que os trabalhadores quase não desfrutam de proteção social. Félicité argumenta que a carga social na França é de 56% do Produto Interno Bruto, bastante acima da vizinha Alemanha, com 46%. Ele considera que os prejuízos para a população podem ser contornados.

"Tem uma maneira de atenuar os efeitos sobre os trabalhadores: abrir o mercado para a concorrência, sobretudo alguns setores que hoje são protegidos ou controlados pelo Estado", diz. "Muitas operações poderiam ser abertas ao setor privado, o que resultaria também na queda dos custos para o setor público. A gente pode aplicar uma transferência das cargas sociais sobre os trabalhadores ao mesmo tempo em que baixa os preços de uma série de produtos ou serviços, ao ampliar a concorrência no setor público e privado."

O pacote para a competitividade, promete François Hollande, deve sair ainda em novembro.

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