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Radar econômico

Governo socialista francês dá primeiros passos em rigor econômico

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Um relatório do Tribunal de Contas da França detalhou nesta segunda-feira que o governo do país será obrigado a fazer economias de até 43 bilhões de euros até o final do ano que vem, se quiser manter a promessa de diminuir o déficit de público de 5,2 para 3%. Desde a campanha eleitoral, o presidente socialista François Hollande privilegiava o estímulo ao crescimento e o aumento dos impostos para conseguir tirar a França da crise, mas com o alerta feito ontem, a opção por não cortar custos do Estado parece cada vez mais difícil de sustentar.

Primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, ao lado da primeira-secretária do Partido Socialista, Martine Aubry.
Primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, ao lado da primeira-secretária do Partido Socialista, Martine Aubry. REUTERS/Gonzalo Fuentes
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O anúncio do plano de orçamento do governo será feito nesta quarta-feira pelo primeiro-ministro Jean Marc Ayrault. Com uma perspectiva de crescimento mínima, de 0,4% neste ano, o plano deve trazer os contornos da reforma fiscal desejada pelos socialistas. A ideia é fazer os ricos e os bancos pagarem mais impostos, e criar novas taxas que vão atingir toda a população.

Mas o Tribunal de Contas já avisa que isso não será suficiente: sugere ou congelamento dos salários dos funcionários públicos ou a diminuição do número de empregos, uma reavaliação das 1,3 mil ajudas sociais existentes e uma reorientação dos gastos em investimentos. Também aconselha um aumento da TVA, o imposto semelhante ao de bens e serviços.

O economista Simon Porcher, da Sorbonne, analisa que estes tipos de medidas, muito impopulares sobretudo para a esquerda, podem ser contornadas neste ano, mas serão invitáveis no ano que vem. "Já se criticou muito a esquerda por sua inocência nas despesas públicas, portanto hoje o governo quer mostrar que é capaz de manter uma austeridade sem prejudicar a perspectiva social da França", afirmou. " Se o governo não quer reduzir todos os tipos de pensões e ajudas sociais, ele vai precisar diminuir o número de empregos no setor público, especialmente nas administrações locais. Eles não querem entrar imediatamente neste debate, mas no ano que vem acho que haverá um plano de reestruturação das despesas públicas."

Diante de um quadro de rigor econômico, vai ficar complicado para François Hollande trazer de volta o crescimento. O economista Mathieu Plane, do Observatório Francês de Conjuntura Econômica, afirma a opção pela austeridade só traz ainda mais dificuldades. "Percebemos claramente que hoje estamos em uma espiral bastante perigosa na zona do euro, porque a austeridade tem muitos efeitos negativos sobre o crescimento", declarou. "A zona do euro está entrando em recessão e a França, com um crescimento de 0% em abril, não está poupada disso."

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