Hollande tenta vencer resistência de Putin sobre a Síria

Por que o mundo deixa o regime de Damasco fazer o que quer contra a população síria? A questão é formulada na capa do diário Aujourd'hui en France e nos grandes jornais franceses, nesta sexta-feira, na perspectiva da visita a Paris do presidente russo, Vladimir Putin.

Capa dos principais jornais franceses A. de Freitas

A imprensa descarta a hipótese de uma intervenção militar na Síria de imediato. O jornal Aujourd'hui en France diz que diante das atrocidades do regime de Bashar al-Assad, o presidente francês, François Hollande, defende uma ação vigorosa, mas a estratégia passa pela intensificação da pressão diplomática, aumentando o isolamento internacional da Síria, e não pelas armas.

Hollande poderia se ver tentado pelo sucesso de Sarkozy na Líbia, avalia o Aujourd'Hui en France, mas em início de governo e com problemas econômicos internos para resolver, o socialista vai tentar convencer Putin a aderir ao cenário imaginado pela Casa Branca, ou seja, a solução adotada no Iêmen. O ditador sírio partiria para o exílio na Rússia [como aconteceu com o iemenita Salleh, agora exilado nos Estados Unidos] e membros do regime ficariam no poder em Damasco para instalar um governo de transição.

O diário conservador Le Figaro relata que os russos estão com um pé atrás com a França, devido à política pró-árabe do ex-presidente Nicolas Sarkozy. "Putin também enfrenta movimentos de revolta em seu território, no norte do Cáucaso, e tudo o que a Rússia quer é afastar o fantasma da ingerência estrangeira dentro de casa", lembra o Le Figaro. Por outro lado, os europeus são importantes parceiros comerciais de Moscou, e o presidente russo tem todo o interesse em encontrar um ponto de equilíbrio entre essas duas posições.

Para o jornal Libération, Hollande não vai conseguir convencer Putin a mudar de posição sobre a Síria. O russo vem à França para assegurar a continuidade de uma relação política e comercial que agrada Moscou. A única coisa que Hollande poderá dizer a Putin é que o regime de Bashar al-Assad não tem futuro.