Guinada à direita de Sarkozy não seduz eleitores de Le Pen

Desde o início da campanha pelo segundo turno das eleições presidenciais, o candidato do partido UMP endureceu o discurso numa tentativa de atrair os 18% que votaram na extrema-direita. A estratégia foi contraproducente: Sarko perdeu dez pontos percentuais entre os eleitores da extrema-direita

Hollande (esq.) e Sarkozy disputam o segundo turno das eleições presidenciais no dia 3 de maio AFP PHOTO / LIONEL BONAVENTURE /JACQUES BRINON

A guinada à direita dada pela campanha do presidente-candidato Nicolas Sarkozy desde o fim do primeiro turno parece ter sido um tiro pela culatra. De acordo com pesquisa realizada entre os dias 24 e 25 de abril pelo Instituto BVA com 2428 franceses, a estratégia fez o presidente perder 1,5 ponto percentual entre os eleitores. E também não atingiu seu objetivo principal: seduzir os 18% que votaram pela candidata da extrema-direita, Marine Le Pen.

Pelo contrário: entre os eleitores da Frente Nacional, a média de Sarkozy, que estava em torno dos 57%, segundo pesquisa feita pelo mesmo instituto na última sexta-feira, despencou dez pontos, para 47%. De onde se conclui que a extrema direita desconfia deste súbito redirecionamento de campanha. Para piorar a situação do presidente, eles tendem a votar em François Hollande. Nos últimos três dias, o socialista ganhou sete pontos entre os eleitores de Marine Le Pen, subindo de 19% para 26%.

Se a nova estratégia do partido UMP de Sarko não funciona entre a extrema-direita, ela tende a ser ainda menos eficaz com os eleitores de centro. Entre eles, no entanto, o presidente ainda mantém a maioria, com 41% das intenções de voto no segundo turno contra 38% para Hollande. Os outros 21% são de indecisos, brancos e abstenções.