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BRICS/Nova Délhi/Síria

Annan vê espaço para envio de observadores militares da ONU à Síria, diz Patriota

O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse hoje em Nova Délhi que a crise na Síria poderá evoluir nos próximos dias se o regime de Damasco de fato aceitar o envio de uma missão de observadores militares da ONU ao país, como estaria inclinado a ceder Bashar al-Assad a pedido de Kofi Annan. Patriota conversou recentemente por telefone com o emissário especial da ONU e da Liga Árabe sobre a crise na Síria. O regime aceitou o plano de paz de Annan, porém sem estipular uma data para aplicá-lo.

O ministro Antonio Patriota.
O ministro Antonio Patriota. DR
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Adriana Moysés, enviada da RFI à Nova Délhi

O Brasil espera que durante a reunião de cúpula do BRICS, nesta quarta e quinta-feira, o grupo de emergentes manifeste um forte respaldo à missão de Annan, destinada a obter um cessar-fogo na Síria. No telefonema, ele contou a Patriota que ficou decepcionado quando encerrou sua visita a Damasco. Mas depois a situação evoluiu e já existiria um caminho em preparação para o envio de observadores militares da ONU ao país. Rússia e a China são acusadas por países ocidentais de dar apoio a Assad e impedir a aplicação de resoluções internacionais para acabar com a violência na Síria.

Annan revelou a Patriota que uma intervenção militar na Síria seria um desastre. Nenhum país está interessado na militarização do conflito, disse o ministro hoje em Nova Délhi, acrescentando que mesmo os Estados Unidos estão cautelosos.

Hoje, através de uma carta enviada ao emissário da ONU e da Liga Árabe, o governo de Assad afirma que aceita o plano proposto por ele para acabar com a violência, mas não estipula um prazo para sua aplicação. O anúncio foi feito no momento em que Annan visitava Pequim para pedir ajuda da China para a sua missão. Ele foi recebido pelo primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, que prometeu apoiá-lo em sua mediação. Antes de chegar à China, o emissário da ONU e da Liga Árabe para a Síria foi a Moscou.

O quebra-cabeças da crise na Síria é a substituição de Assad no poder. O ditador tem o controle das principais cidades sírias, a oposição está fragmentada, e existem até correntes « contaminadas » pela rede terrorista Al Qaeda, de acordo com Patriota. Questionado se o Brasil apoiaria uma « intervenção não letal » em estudo pelos Estados Unidos e a Turquia, conforme revelou hoje o jornal americano New York Times (NYT), Patriota afirmou que a única proposta que o Brasil respalda é a missão de Annan. Segundo o NYT, autoridades americanas e turcas estudam fornecer equipamentos de comunicação e ajuda humanitária aos rebeldes sírios. Mais de 9 mil pessoas já morreram no conflito sírio.

Plano de paz tem seis pontos

Kofi Annan considerou a decisão do regime sírio como “uma etapa inicial importante” para resolver a crise no país, mas disse que é preciso esforços para implementar o plano. Segundo o porta-voz do emissário, “a resposta positiva de Damasco permitirá criar um clima propício para um diálogo político que responda às aspirações legítimas do povo sírio”.

O plano de Annan havia sido apresentado a Bashar al-Assad no dia 10 de março e aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU onze dias depois. Nos seis pontos do documento ficam estabelecidos a retirada de armas pesadas e tropas de centros populacionais, o fim de toda forma de violência armada sob supervisão das Nações Unidas, o acesso livre de assistência humanitária a todas as zonas afetadas pelos combates, a libertação de pessoas detidas arbitrariamente, a liberdade de circulação e a permissão para entrada e saída de jornalistas.

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