Parceria público-privada para distribuição de água no Brasil é exemplo

O exemplo da parceria público-privada dos municípios brasileiros para a distribuição de água à população ganhou destaque na imprensa francesa desta segunda-feira. Aproveitando a abertura do Forum Mundial da Água, em Marselha, o jornal econômico Les Echos visitou Petrópolis e Limeira, no interior de São Paulo, para mostrar como é possível melhorar o acesso dos moradores mais carentes a um bem que a ONU considera um direito humano fundamental.

Enquanto metade da humanidade não tem acesso permanente à água potável e rede de esgoto, os países emergentes como o Brasil mostram de maneira "espetacular" como garantir o abastecimento e o tratamento de um produto que para muitos se tornou um verdadeiro luxo, escreve o Les Echos.

O repórter enviado a Petrópolis visitou uma favela ocupada ilegalmente pelos moradores. Eles não pagam impostos mas não não deixam de quitar a conta de água distribuída 24 horas por dia.

O jornal explica que sem condições de fazer investimentos, municípios brasileiros perceberam que é a solução é fazer contratos com empresas privadas para garantir a distribuição e tratamento. No caso de Petrópolis, escreve o Les Echos, a rede de abastecimento aumentou de 56% para 92% em 14 anos e o desperdício foi controlado com técnicas simples de identificação de vazamentos.

Chegar a essa parceria não foi simples, afirma o jornal, já que a água é um bem público e por isso foi durante muito tempo monopólio do estado. Mas é a agilidade de gestão do setor privado que justifica esse acordo. Em Limeira, no interior de São Paulo, o Les Echos constatou que as empresas sensibilizam o consumidor para não desperdiçar água e cita o exemplo de uma dona de casa que, com gestos simples, diminui pela metade sua conta, pagando 15 reais por mês.

Outro sucesso da parceria público-privada, destacado pelo Les Echos, é que as prestadoras de serviço conseguiram reduzir os gastos com tratamento dos resíduos e reaproveitar a água para a agricultura, setor que absorve 70% do consumo mundial do produto.