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Rússia/Política

Em meio a protestos, Putin promete "nova economia" para a Rússia

A cinco semanas das eleições presidenciais russas, o primeiro-ministro Vladimir Putin revelou seu programa econômico em uma terceira tribuna, publicada nesta segunda-feira. As propostas foram apresentadas em um momento que o país enfrenta uma onda de protestos sem precedentes.

Manifestante carrega cartaz contra o primeiro-ministro Vladimir Putin.
Manifestante carrega cartaz contra o primeiro-ministro Vladimir Putin. Reuters/Handout
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O jornal econômico Vedomosti foi a mídia escolhida pelo atual premiê, e principal candidato à presidência, para dar a sua visão da economia russa do futuro. Vladimir Putin promete colocar o capitalismo do Estado no centro de sua estratégia para estimular a competitividade.

Ele também defende sua política, reconhecendo que o país precisa se adaptar às mudanças essenciais ditadas pela economia mundial. "É importante garantir o desenvolvimento estável e progressivo de nossa economia, assim como proteger os nossos cidadãos das crises, na medida do possível", escreveu Putin, afirmando sua intenção de reformar rapidamente todos os setores da vida econômica russa.

O premiê também analisa que a Rússia é muito dependente de seus recursos naturais e que a desindustrialização prejudicou muito o país. O desmantelamento do grupo petrolífero Ioukos em 2003, e a prisão de seu antigo proprietário, o ex-magnata Mikhaïl Khodorkovski por evasão fiscal e fraude, aparecem como motivo de orgulho em sua tribuna.

País membro da Organização Mundial do Comércio, a Rússia de Putin deve se abrir à concorrência mundial e liderar diversos setores como a indústria farmacêutica, aeroespacial, tecnologias da comunicação e materiais compósitos.

Apesar de vislumbrar uma Rússia moderna, o primeiro-ministro não descreve os caminhos para atingir seu objetivo. Um exemplo: o projeto de reestruturação do gigante energético Gazprom, bastante criticado pelos investidores por seus altos custos e falta de eficiência.

Homem forte x Protestos

Putin sonha em voltar para o Kremlin, que foi obrigado a abandonar devido à proibição de cumprir mais de dois mandatos consecutivos. Presidente de 2000 a 2008, Vladimir Putin ocupa a liderança nas pesquisas de intenção de voto para as eleições de 4 de março deste ano. Ele vai tentar se reeleger para um terceiro mandato, desta vez de seis anos, depois da mudança da lei. 

Em plena campanha eleitoral, a Rússia é palco de protestos gigantescos dos opositores ao regime. Depois das legislativas de dezembro, eles acusam o poder de fraudar os resultados.

Em sua tribuna, no entanto, Putin menciona apenas uma vez a palavra "corrupção", referindo-se à falta de transparência das agências estatais.

Desigualdade entre candidatos

A ONG russa Golos denunciou hoje a desigualdade dos direitos dos candidatos, dois dias depois da exclusão do opositor democrata Grigori Iavlinski.

O mecanismo de registro dos candidatos à presidencial é um exemplo. A legislação prevê que um candidato que não fôr apresentado por um partido representado no Parlamento deve recolher dois milhões de assinaturas de eleitores. Em seguida, as assinaturas são verificadas pela Comissão eleitoral central e, no mínimo, 95% delas devem ser autentificadas para que o candidato seja registrado. Segundo a ONG Golos, esta exigência é irrealista. No caso de Grigori Iavlinski, as autoridades russas indicaram que um grande número de assinaturas apresentadas não conferiam e ele acabou sendo descartado da corrida presidencial.
 

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