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Imprensa/França

“Macron seria um péssimo diretor de recursos humanos”, diz jornal francês

Os principais jornais franceses desta quinta-feira (4) destacam como o presidente Emmanuel Macron coleciona crises. Quando parece se recuperar de um problema, outro chega com força. A renúncia do ministro do Interior Gérard Collomb, terceiro ministro que deixa o Palácio do Eliseu em dois meses, abriu uma nova ferida no governo, em um momento de popularidade muito baixa do presidente. Nesta quarta-feira (3), o chefe de Estado afirmou que não existe crise política, mas o sentimento de membros do próprio governo é outro.

Jornais franceses relatam crise política em governo de Emmanuel Macron, 4 de outubro de 2018
Jornais franceses relatam crise política em governo de Emmanuel Macron, 4 de outubro de 2018 Fotomontagem RFI
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O jornal Le Parisien comparou o presidente francês a um péssimo diretor de recursos humanos. “Macron não consegue administrar seu pessoal, não consegue prever quem parece querer sair e não coloca sempre as pessoas certas nas vagas certas”, ressalta a publicação. O diário cita um membro do governo, que falou sob anonimato, que não entende como Macron conseguiu ser tão bom durante a campanha, quando escolheu a dedo seu staff, e agora deixa as coisas desandarem dessa forma.

O chefe da redação do Le Parisien, Nicolas Charbonneau, imaginou o presidente como um pugilista se apoiando nas cordas do ringue, ainda zonzo, que teria levado golpes repentinos, vindos de seu próprio time, “sem conseguir se proteger ou revidar para esquecer Benalla, Hulot e Collomb, todos os que o deixaram sem ar”. “Se os primeiros rounds desta nova presidência, onde tudo dava certo, foram meras formalidades, os próximos combates serão mais duros. Ainda estamos longe do nocaute, e ainda bem, pois o populismo está rondando. Mas cuidado com os golpes baixos que vêm muitas vezes dos adversários, mas não somente”.

Popularidade está em seu nível mais baixo

O jornalista lembrou como a renúncia de Collomb abriu uma nova crise dentro do governo de Macron, cuja popularidade está em queda livre, depois de pouco mais de um ano no poder. De acordo com uma pesquisa BVA realizada em setembro, a aprovação do presidente caiu para 32%, seu nível mais baixo desde sua eleição em maio de 2017.

A isto se soma a renúncia algumas semanas antes de dois pesos pesados do governo: Nicolas Hulot, ex-apresentador de TV e ambientalista, que renunciou à pasta da Ecologia ao vivo no rádio e sem avisá-lo, dizendo que se sentia "muito solitário em questões ambientais", e da popular ministra do Esporte, a ex-esgrimista Laura Flessel.

“Um Macron enfraquecido à sombra do General”

O jornal Le Figaro ressaltou a desconfiança da população no sistema político francês. A Constituição que instaurou a Quinta República acaba de completar 60 anos e está longe de ser unanimidade atualmente no país. Segundo uma recente pesquisa, somente 44% dos franceses se dizem atrelados à Constituição proposta pelo General de Gaulle em 1958. “Um Macron enfraquecido à sombra do General”, escreve a manchete do diário, lembrando que o presidente estará em um evento nesta quinta-feira em homenagem a Charles de Gaulle e à Quinta República.

O Libération traz em sua capa uma charge representando o mapa da França, onde vemos Paris e Lyon, cidade onde o agora ex-ministro do Interior foi prefeito por 16 anos. O jornal afirma que a decisão de Collomb de deixar a capital para voltar a Lyon mostra que é a “superpotência de Paris” que pode estar chegando ao fim. “Não é melhor ser o primeiro em Lyon do que o segundo em Paris?”, resume a chefe da redação do Libération, Martine Tabeaud.

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