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França/Macron

França: afirmação de Macron de que achar trabalho é fácil é falsa, prova rádio francesa

Depois de o presidente francês Emmanuel Macron ter afirmado a um jovem horticultor desempregado, neste sábado (16), “que ele acharia trabalho nos restaurantes atravessando a rua”, a rádio francesa France Info perguntou aos donos de 12 estabelecimentos situados se eles tinham vagas disponíveis. Poucos estão dispostos a contratar.

“Basta atravessar a rua para achar um trabalho”, diz Macron a jovem desempregado
“Basta atravessar a rua para achar um trabalho”, diz Macron a jovem desempregado Captura de vídeo
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Será que é tão fácil assim achar emprego como afirmou o presidente francês a um jovem no palácio do Eliseu? No vídeo (veja abaixo) que viralizou nas redes sociais e suscitou diversas críticas da oposição, o chefe de estado francês, conhecido por seu estilo direto e pouco diplomático, afirma a um jovem que, para achar trabalho, basta querer. O rapaz de 25 anos, que tem um diploma de Horticultura, disse ao presidente que não conseguia arrumar um emprego.

A cena aconteceu no palácio do Eliseu, que abriu as portas para a público durante a Jornada do Patrimônio, evento parisiense onde museus e monumentos, incluindo a sede da presidência, situada no elegante 8° distrito de Paris, abrem gratuitamente para toda a população.

Diante da polêmica, a rádio francesa France Info decidiu testar os dizeres de Macron. Para isso, convocou Romain, um jovem garçom que acaba de arrumar emprego. Com um currículo debaixo do braço, ele bateu na porta de bares e restaurantes de áreas turísticas como Montparnasse, bairro sugerido pelo próprio Macron, ou o Boulevard St Germain, rua badalada do 5° distrito.

Mesmo que a demanda no setor seja inegável, segundo a reportagem, poucos restaurantes da área estão dispostos a contratar. As poucas oportunidades existentes são para trabalhos temporários – desde que haja qualificação. Botar um horticultor para servir mesas é, desta forma, impensável para os gerentes da maioria dos restaurantes.

No final, dos 12 estabelecimentos visitados por Romain, cinco não têm nenhuma vaga disponível e sete propõem contratos temporários ou em meio período. Um de cada três não aceitaria um horticultor entre os funcionários, a não ser que ele se dispusesse a trabalhar voluntariamente para aprender, ou seja, sem contrato ou garantias de emprego.

Membros do governo apoiam Macron

Os membros do governo defenderam Emmanuel Macron, dizendo que sua atitude mostrava sua “maneira franca e transparente de ser”, e que ele tinha "bom senso". Para o ministro da Educação Nacional, Jean-Michel Blanquer, entrevistado pela rádio France Inter, Macron quis dizer, através desse episódio, que os jovens precisam ser mais bem formados para se inserirem mais facilmente no mercado de trabalho. “Há setores que contratam mais do que outros. É um drama na nossa sociedade ter, de um lado, milhares de vagas não-preenchidas e, de outro, dezenas de milhares de desempregados”, falou.

“A franqueza do presidente é uma das características de sua personalidade que o levou a ser eleito”, declarou o ministro da Ecologia, François de Rugy à rádio francesa Europe 1. Para a oposição, o comentário de Macron mostra o desprezo que ele sente pelos desempregados, e é de uma grande “brutalidade”. “Não podemos dizer a um jovem que é apaixonado pela sua profissão que procure trabalho no setor hoteleiro”, declarou a presidente do partido de direita “Os Republicanos” da região Île de France, Valérie Précresse, ao canal de TV France 2.

Baixa popularidade

Segundo uma pesquisa publicada nesta segunda-feira (17) pelo instituto Kantar Sofres para a rádio RTL, apenas 19% dos franceses julgam “positivo” o balanço dos 15 meses de mandato do presidente francês Emmanuel Macron, e, para 60% ele é “negativo”. Mais de 1013 pessoas foram ouvidas.

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