Macron impõe austeridade a prefeitos e colhe elogios do FMI
Os jornais desta terça-feira (18) dão destaque ao anúncio feito ontem pelo presidente Emmanuel Macron de uma ampla reforma nos impostos municipais. Em um encontro com prefeitos de todo o país, Macron pediu aos prefeitos que economizem € 13 bilhões de 2018 a 2022, em contrapartida a uma maior autonomia na gestão dos repasses estatais e uma atenção particular a pequenas comunidades da zona rural.
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Uma das medidas polêmicas da reforma, ainda mal digerida pelos prefeitos, é o fim progressivo da atual taxa de habitação, uma espécie de IPTU, que será compensada por um aumento da Contribuição da Seguridade Social (CSG). A medida vai atingir 80% dos contribuintes em três anos.
O Estado diz que a taxa de habitação é um imposto injusto por não levar em conta a capacidade de pagamento do contribuinte e pelas expressivas diferenças territoriais. Mas os prefeitos estão furiosos com a perda de € 9 a € 10 bilhões de sua principal fonte de receita. Macron ignora a ladainha e ainda propõe diminuir o número de vereadores, como pretende fazer com deputados e senadores, para reduzir os gastos públicos.
A oposição denuncia uma manobra do presidente para "fragilizar a representatividade democrática". Prefeitos que fazem malabarismos para financiar associações culturais e esportivas temem o fim desse tecido associativo.
Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) elogiou o programa "ambicioso" e "corajoso" do centrista, mas a imprensa e a oposição são bem mais reticentes. A Comissão Europeia, que há anos cobra da França uma redução do déficit público abaixo de 3% do PIB, também aplaude.
O jornal comunista L'Humanité acusa o presidente de destruir a igualdade republicana, alegando que os cortes orçamentários vão recair sobre as atividades sociais dos municípios.
Presidente determinado a mudar um "velho país"
O diário econômico Les Echos aprecia o voluntarismo de Macron, mas ressalta que as reformas anunciadas até o momento – dos impostos municipais e do Código do Trabalho – estão longe de controlar um problema histórico na França: o peso da despesa pública em relação à produção de riqueza nacional. Na avaliação deste jornal liberal, Macron só sacode a poeira, por enquanto, sem atacar em profundidade e estrutura da despesa pública para torná-la mais eficaz.
Segundo o conservador Le Figaro, passados dois meses e meio desde a eleição, Macron se mostra como um líder determinado a reformar um "velho país". Falta, no entanto, demonstrar que o esforço será compartilhado por todos os setores da sociedade.
Le Monde analisa a ação de Macron num aspecto mais amplo, incluindo a diplomacia e a política externa, considerando que o presidente faz um bom início de governo.
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