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Imprensa francesa decreta fim do Partido Socialista

A manchete de capa do Aujourd'hui en France, desta quarta-feira (10), decreta “o fim do Partido Socialista”(PS) no poder na França. A sigla do presidente François Hollande “foi dinamitada por Emmanuel Macron”, explica Le Figaro.

O primeiro-secretário do Partido Socialista francês, Jean-Christophe Cambadélis.
O primeiro-secretário do Partido Socialista francês, Jean-Christophe Cambadélis. REUTERS/Christian Hartmann
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Lembrando o péssimo resultado, pouco mais de 6%, e a eliminação vergonhosa do PS ainda no primeiro turno, Le Figaro afirma que “o partido saiu completamente tonto e profundamente dividido dessa eleição presidencial”.

Os socialistas estão encurralados. À direita, eles sofrem a concorrência do movimento Em Marcha, do presidente eleito. À esquerda, enfrentam a rivalidade dos partidários do radical Jean Luc-Mélenchon e temem uma derrota histórica nas legislativas de junho.

Nesta terça-feira (9), a divisão interna ficou ainda mais evidente com o anúncio do ex-primeiro ministro socialista, Manuel Valls de que iria aderir ao movimento Em Marcha de Macron,. Vários políticos da sigla podem fazer o mesmo, prevê o jornal conservador. O PS luta para sobreviver, diz o editorial do Le Figaro.

Legislativas podem ser o golpe de misericórdia

A decisão do ex-premiê Valls ameaça o PS de implosão, concorda o Aujourd'hui en France. O diário escreve que o calvário da sigla é interminável e que as legislativas podem representar o golpe de misericórdia.

Em seu editorial, Aujourd'hui en France usa uma metáfora da moda para tentar explicar a situação: O PS foi “uberizado”, isto é, o tradicional partido de esquerda foi ultrapassado por uma “start-up política muito mais inovadora e audaciosa do que ele”. E o PS não é o único partido na mira do Em Marcha, do presidente eleito, alerta o texto, sugerindo que o conservador Os Republicanos, também eliminado no primeiro turno da presidencial, também seria visado.

Para superar a crise, o Partido Socialista concentra seu programa nessa campanha pelas legislativas, informa Les Echos. As propostas defendidas pelo candidato derrotado Benoit Hamon, como a renda mínima universal, consideradas muito à esquerda, foram deixadas de lado. A plataforma socialista, definida ontem durante uma reunião em Paris, retoma promessas mais consensuais, como a revalorização de benefícios sociais e o acesso a saúde para todos, que visa seduzir um eleitorado mais amplo.

Presidência Hollande

Um dos principais responsáveis por essa implosão é François Hollande, ou melhor, sua presidência. Libération publica hoje uma edição especial com o balanço dos cinco anos de mandato do presidente socialista. O jornal progressista, que acompanha esses últimos dias de Hollande no Palácio do Eliseu, diz que o presidente deixa o poder com um balanço “em meio-tom e uma família política moribunda”.

O diário lembra que o discurso de Hollande, que garantiu sua vitória em 2012, deu a esperança ao país que uma esquerda humanista e realista iria governar trazendo progresso à França. Cinco anos depois, a esquerda está dividida, o PS encolhido, e o impopular Hollande não pôde se candidatar a sua própria sucessão: “difícil de cantar vitória”, sentencia Liberation.

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