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França/ pedofilia/ igreja

Premiê cobra “responsabilidade” de cardeal em escândalo de pedofilia na França

Um escândalo de pedofilia envolvendo a igreja católica ganha amplitude a cada dia na França. Nesta terça-feira (15), o primeiro-ministro Manuel Valls pediu ao cardeal de Lyon, Philippe Barbarin, que "assuma suas responsabilidades" no caso. Uma associação de vítimas acusa o religioso de omissão diante dos abusos sexuais cometidos por um sacerdote pedófilo.

Em Lourdes, 120 bispos católicos franceses estão reunidos hoje para discutir o caso de pedofilia envolvendo a diocese de Lyon e seu arcebispo, o cardeal Philippe Barbarin.
Em Lourdes, 120 bispos católicos franceses estão reunidos hoje para discutir o caso de pedofilia envolvendo a diocese de Lyon e seu arcebispo, o cardeal Philippe Barbarin. ERIC CABANIS / AFP
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"A única mensagem que posso enviar (...), sem me colocar no lugar da igreja da França nem no dos juízes, é que assuma suas responsabilidades", disse Valls. "Cabe a ele assumir suas responsabilidades, falar, agir", declarou o primeiro-ministro, em entrevista à imprensa.

No início de março, a Justiça francesa abriu uma investigação contra Barbarin por "não denúncia" e "por colocar em risco a vida de outros”, depois de uma queixa movida pelas vítimas de agressões sexuais cometidas pelo sacerdote Bernard Preynat. As vítimas eram jovens escoteiros em Lyon, entre 1986 e 1991. Elas garantem que o padre pedófilo foi acobertado “por décadas” e criticam a atitude das autoridades da diocese durante 25 anos.

O caso abala a igreja francesa, em meio ao sucesso do filme Spotlight, que venceu o Oscar deste ano e relata o início das investigações jornalísticas que levaram ao estouro do maior escândalo de pedofilia na igreja católica, nos anos 1990.

Padre continua na ativa

A associação francesa La Parole Libérée (A Palavra Liberada, em tradução livre) denuncia que o cardeal Barbarin se mantém omisso até hoje: o sacerdote suspeito dos abusos segue em atividade em Lyon, uma informação confirmada por fontes judiciais nesta terça-feira.

As vítimas escreveram para o papa Francisco para pedir uma audiência privada e explicações sobre a gestão do caso. O sacerdote reconheceu os crimes e foi indiciado pela Justiça, em fevereiro.

Já o monsenhor se defendeu das acusações, negando “com força” ter “acobertado o menor ato de pedofilia”. Arcebispo de Lyon desde 2002, ele argumentou que não tinha responsabilidades no momento dos fatos e que apenas soube de "rumores" em 2007.

De acordo com a diocese, Barbarin só recebeu um primeiro depoimento de uma vítima em meados de 2014, depois de ordenar uma investigação e pedir a opinião do Vaticano. Ele afastou de "todas as formas de ministério" o padre, acusado em maio de 2015.

Vaticano apoia cardeal e aguarda investigações

Em resposta, o Vaticano declarou hoje que “é oportuno esperar os resultados” da investigação e defendeu o cardeal francês. “Qualquer que seja o resultado da investigação, tendo em vista o seu senso de responsabilidade, nós devemos manifestar estima e respeito em relação ao cardeal Barbarin”, afirmou o porta-voz Federico Lombardi, em um comunicado. “Todo abuso sexual de menor constitui um crime grave, cujas consequências não serão subestimadas, nem na duração nem na profundidade dos efeitos”, acrescenta o Vaticano, afastando, por enquanto, a possibilidade de um encontro entre o papa e as vítimas francesas.

A associação se mostra desconfiada em relação ao futuro do caso. "Nós já não temos confiança em nossa diocese, que é o juiz e júri neste caso", explicou Bertrand Virieux, membro da associação de vítimas. "Apelamos, portanto, ao papa. Não cabe a nós pedir a renúncia do cardeal Barbarin, mas ao papa decidir sobre isso", acrescentou.

Com informações da AFP
 

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