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França/ economia

Face a risco de rejeição, governo francês recua em plano de austeridade

Às vezes vésperas da votação na Assembleia francesa de um polêmico plano de economias de 50 bilhões de euros até 2017, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, atenuou hoje (28) o conteúdo do programa, que corria o risco de não ser aprovado pelos deputados. A ala mais à esquerda do Partido Socialista ameaça boicotar o texto.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls apresentou pacto de estabilidade na Asembleia Nacional na semana passada..
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls apresentou pacto de estabilidade na Asembleia Nacional na semana passada.. REUTERS/Charles Platiau
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As modificações vão beneficiar os mais pobres, principalmente os aposentados que ganham até 1.200 euros por mês de pensão. O chamado plano de estabilidade apresentado pelos socialistas na semana passada previa o congelamento, até outubro de 2015, das aposentadorias a partir de 792 euros, o que chocou inclusive membros do PS. Pelo menos 21 deputados da legenda anunciaram que iriam se abster da votação do plano, amanhã.

Diante da situação, o premiê achou melhor recuar para evitar um fracasso na Assembleia. Valls enviou uma carta para todos os deputados socialistas na manhã desta segunda, na qual explica o plano de austeridade e pede “coragem” aos correligionários. O premiê admite que a redução do orçamento deve “pesar a curto prazo sobre o crescimento”, mas considera o ajuste das contas públicas “imperativo” para o país.

Apelo à união

“A confiança recíproca é a condição para a nossa união”, afirmou. Dizendo ter ouvido as reclamações dos socialistas, elevou o piso das aposentadorias que serão atingidas pela medida. “Assim, 6,5 milhões de pessoas terão o seu poder aquisitivo integralmente preservado”, declarou.

As modificações no plano vão resultar em 300 milhões a menos de euros de economias, confirme o jornal Les Echos. Também a alta de 10% da ajuda social concedida para os desempregados, que havia sido cancelada, será mantida e deve entrar em vigor no dia 1º de setembro, como previsto anteriormente.

Outro ponto contestado por parte da esquerda é o congelamento do reajuste automático dos salários dos funcionários públicos, que será mantido, mas “será analisado a cada ano em função do crescimento e dos resultados dos ajustes econômicos no nosso país”, explicou o primeiro-ministro, que integra a ala mais liberal do partido.

Incertezas sobre voto permanecem

Os anúncios foram bem recebidos pelos deputados socialistas, mas alguns ainda julgam o ritmo da redução do déficit permanece acelerado demais. ”Para deputados como eu, isso não vai mudar o voto previsto, ou seja, a abstenção”, disparou Laurent Baumel, um dos mais contrariados com o plano de economias.

Os parlamentares insatisfeitos também acham que a política social do governo será prejudicada em detrimento ao benefício das empresas, que serão contempladas com uma baixa dos custos do trabalho estimadas em 30 bilhões de euros. As reduções dos encargos visam a estimular os empresários a aumentar os investimentos e os postos de trabalho.
 

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