Air France e Airbus deverão ser indiciadas pela justiça francesa

A companhia aérea Air France e a fabricante Airbus serão convocadas para uma audiência no dia 17 de março e poderão ser indiciadas por "homicídio culposo" no acidente do voo AF447 entre Rio e Paris, informou nesta quinta-feira a juíza responsável pelas investigações às famílias das vítimas da tragédia .

Peça do Airbus resgatada em alto-mar.

"A juíza nos informou que ela convocou no dia 17 de março a Airbus e a Air France para uma audiência com vistas a um eventual indiciamento", revelou à imprensa um dos responsáveis pela Associação Entraide e Solidarité, Jean-Baptiste Andousset, recebido pela juíza no Palácio de Justiça de Paris, juntamente com outros familiares das vítimas e advogados.

O anúncio da juíza foi celebrado pelos familiares e advogados como um grande avanço já que abre a perspectiva de uma responsabilização das empresas na catástrofe. "Esta convocação para um possível indiciamento demonstra que a juíza possui elementos técnicos suficientes para processar", comentou Olivier Morice, um dos advogados presentes na reunião.

Novas operações

A audiência convocada para ouvir as empresas Air France e Airbus deve acontecer alguns dias antes do início da 4° fase de buscas dos destroços e das caixas-pretas do Airbus A 330 que caiu no Oceano Atlântico matando 228 pessoas.

A quarta e última fgase está prevista para ter início por volta do dia 20 de março. As operações serão realizadas em uma nova área de 10 mil quilômetros quadrados e terão como principal objetivo encontrar as caixas-pretas que registram os parâmetros de voo e as gravações dos pilotos. As caixas-pretas contém as informações consideradas essenciais para esclarecer as verdadeiras causas do acidente que aconteceu na madrugada do dia 1°de junho de 2009 (noite do dia 31 de maio pelo horário de Brasília).

Diante das informações técnicas já identificadas e avaliadas, a Agência francesa que investiga as causas do acidente (BEA, na sigla em francês) afirma que um problema nas sondas Pitot, que registram a velocidade do avião, pode ser uma das causas mas não a única que teria provocado o acidente. Até o momento, menos de 3% dos destroços do avião e cerca de 50 corpos foram encontrados no oceano Atlântico.