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França/Aposentadoria

Sarkozy acusa grevistas de tomar cidadãos franceses como reféns

Em discurso no interior da França, o presidente Nicolas Sarkozy justificou o uso da força para desbloquear distribuidoras de combustíveis e criticou os grevistas pelo que considera atitudes anti-democráticas em seus protestos contra a reforma da previdência.  

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, durante encontro com partidários, na região central da França.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, durante encontro com partidários, na região central da França. Reuters
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O presidente francês Nicolas Sarkozy voltou a criticar as manifestações na França contra a reforma da previdência e o bloqueio das refinarias. Durante um encontro com partidários em Bonneval, no centro da França, o chefe de estado declarou que "os grevistas não têm o direito de tomar os cidadãos como reféns. Prejudicando a economia, vamos ter menos empregos. Não podemos ser o únicos país no mundo que, quando faz uma reforma, uma minoria quer bloquear tudo. Isso não é democracia", continuou o presidente, que atualmente bate recordes de impopularidade.

O governo francês pediu nesta quinta-feira que o Senado acelere a análise das 267 emendas constitucionais que faltam para levar a reforma da previdência para a votação. A nova lei poderá ser votada ainda nesta sexta-feira, apesar das tentativas da oposição de adiar o processo.

Depois do voto no Senado, uma comissão mista paritária da Assembléia e do Senado será convocada, a partir de segunda-feira, para estabelecer um texto comum, que será submetido, em seguida, aos deputados e senadores para a votação definitiva, antes da promulgação da lei.

Mas apesar da aparente intransigência do executivo, nos bastidores, o governo já começa dar sinais de abertura ao diálogo. Na noite de quarta para quinta-feira, o governo deu sinal verde para a aprovação de uma emenda constitucional que relança o debate sobre o sistema de aposentadorias na França após a eleição de 2012. Uma das propostas é um regime de previdência universal por pontos, que segue o modelo sueco e é defendido pelas centrais sindicais.

Nesta quinta-feira, os sindicatos se reúnem novamente para estipular um novo dia de greve geral no país, que, em princípio, deve acontecer na semana que vem. A mobilização, entretanto, continua em diversos setores com os estudantes promovendo nas ruas de Paris uma nova manifestação de rua. Cerca de 8% das escolas francesas estão fechadas nesta quinta-feira, segundo o governo.

O ministério da Ecologia afirmou nesta quinta-feira que 2.790 postos de gasolina, de um total de 12.300, continuam sem combustíveis devido principalmente aos bloqueios nos depósitos por sindicalistas que impedem a entrada e saída de caminhões.  Nas 12 refinarias de petróleo, a produção continua paralisada.

Julgamentos

Além de justificar o emprego da força para desbloquear os depósitos de combustíveis, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, também lançou um alerta aos "baderneiros", como são identificados os responsáveis por atos violência durante os protestos de que eles não "terão a última palavra".

Em entrevista à uma rádio francesa, o ministro francês do Interior, Brice Hortefeux, afirmou que 245 pessoas foram detidas na quarta-feira, elevando para 1.901 o número de pessoas encaminhadas pela polícia para investigação desde o dia 12 de outubro.

Os tribunais de Nanterre, Paris e Lyon começaram os primeiros julgamentos de jovens que foram detidos e acusados de promover distúrbios às margens das manifestações. Segundo a imprensa francesa, o perfil dos réus não corresponde à imagem divulgada pelo governo de que são jovens da periferia com passagem pela polícia e que se infiltraram no movimento sem protestar contra a reforma.

Em Lyon foram julgadas 4 pessoas na noite de quarta-feira, todas elas sem ficha na polícia. Três delas foram condenadas a penas com sursis, enquanto uma estudante do ensino médio terá que cumprir um mês de prisão em regime fechado por ter incendiado uma lixeira.

 

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