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Festival de Avignon 2024: conheça a programação do maior evento de artes cênicas do mundo

Em ano de Olimpíadas de Paris, a programação de um dos maiores festivais de teatro do planeta, dirigido desde 2023 pelo diretor português Tiago Rodrigues, não se intimidou com o calendário esportivo, muito pelo contrário. Antecipada para 29 de junho, a 78ª maratona teatral durará 23 dias, até 21 de julho. A língua homenageada será o espanhol, e a honra da concorrida abertura na Cour d'Honneur será concedida à prolífica, intensa e inovadora autora e diretora espanhola Angelica Liddell. 

Cena de espetáculo “¿Qué haré yo con esta espada? (Aproximación a la ley y al problema de la belleza)”, de Angélica Liddell, apresentado em 2019 no Festival de Avignon. Imagem ilustrativa
Cena de espetáculo “¿Qué haré yo con esta espada? (Aproximación a la ley y al problema de la belleza)”, de Angélica Liddell, apresentado em 2019 no Festival de Avignon. Imagem ilustrativa www.festival-avignon.com
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A diretora espanhola Angélica Liddell, autora de peças radicais, abrirá o Festival de Avignon, que será também marcado pela presença no palco de mulheres ucranianas e bielorrussas. O artista convidado [ou "cúmplice", como prefere o diretor Tiago Rodrigues] será o talentoso coreógrafo, performer e bailarino francês Boris Charmatz, que hoje dirige o Tanztheater Wuppertal, da icônica coreógrafa alemã Pina Bausch (1940-2009).

Charmatz apresentará "Forever", uma imersão de sete horas no trabalho da famosa coreógrafa alemã, bem como "Cercles", um workshop ao ar livre no qual 200 profissionais e amadores aprenderão a dançar em círculos. Ele também reencenará "Liberté cathédrale" (2023), dessa vez não em uma igreja, mas nos gramados de Avignon.

Depois do inglês no ano passado, a língua espanhola estará em destaque em 2024 [com 30% da programação e vários encenadores e criações latino-americanas]. Além de Angélica Liddell, o programa contará com a participação dos argentinos Mariano Pensotti, Lola Arias e Tiziano Cruz, do uruguaio Gabriel Calderon, do suíço-espanhol La Ribot [dança contemporânea] e da peruana Chela de Ferrari, que trabalha com artistas com deficiência visual. A cantora Silvia Pérez Cruz encerrará a programação do evento.

Radicalidade e força

Embora seja uma velha conhecida do festival, no sul da França, Angelica Liddell apresentará seu trabalho pela primeira vez na cena principal da Cour d'Honneur do Palácio dos Papas, com "El funeral de Bergman" [não recomendado para menores de 16 anos, pois algumas cenas podem "ofender o público"], um mergulho no mundo do cineasta sueco que imaginou e escreveu seu próprio funeral.

A diretora espanhola é conhecida por seus espetáculos perturbadores, como uma performance levada ao extremo em 2021, envolvendo sua automutilação no palco, na cena alternativa de Avignon.

Para Tiago Rodrigues, apresentar essa artista "com sua dramaturgia poderosa e radical" é "absolutamente urgente, em um momento em que assistimos a tantos ataques à liberdade de expressão e à liberdade artística. Significa também apoiar discursos artísticos e estéticos que nos podem abalar e perturbar, mas que consideramos essencial partilhar com o público".

Krzysztof Warlikowski, um dos mestres poloneses do palco europeu, retornará após dez anos de ausência com "Elizabeth Costello, Seven Lessons and Five Moral Tales", baseado na obra de J. M. Coetzee, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 2003. Um espetáculo também será apresentado em linguagem de sinais ["Lacrima", de Caroline Guiela Nguyen, diretora do Théâtre National de Strasbourg].

Descobertas e reencontros teatrais

Esta 78ª edição (29 de junho a 21 de julho) é "metade descoberta" de novos nomes e "metade reencontro", disse o diretor do Festival nesta quarta-feira, durante a apresentação da programação, onde ele planejou 21 estreias mundiais entre os cerca de 40 espetáculos oferecidos, apenas na programação oficial, conhecida como o "ON". 

O próprio Tiago Rodrigues apresenta sua nova peça, "Hécube, pas Hécube", inspirada na tragédia grega de Eurípedes, encenada com sete atores da icônica Comédie Française, fundada por Molière no século 18, incluindo Denis Podalydès, uma lenda também do cinema francês. "Trata-se de uma reescritura da história de Hécuba, misturada com a vida de uma atriz, inspirada em casos reais de abuso infantil e processos judiciais", detalhou.

Os organizadores, que estão colocando 120.000 ingressos à venda, esperam atrair pelo menos 5.000 jovens, como aconteceu no ano passado, graças a uma iniciativa, instaurada por Rodrigues, conhecida como "Primeira Vez".

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