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Líder da esquerda faz comentário de conotação antissemita sobre presidente do Parlamento francês

Em visita a Israel no fim de semana, a presidente da Assembleia dos Deputados, Yaël Braun-Pivet, do partido governista Renascença e neta de um judeu polonês, disse que a França apoiava "totalmente" Israel e que nada deveria "impedir" o país de "se defender" na guerra contra o Hamas. Jean-Luc Mélenchon, líder de esquerda radical, reagiu a esse posicionamento acusando a parlamentar de "incentivar o massacre" na Faixa de Gaza. Ele ainda usou um termo sobre a visita que teria conotação antissemita.

Yael Braun-Pivet, presidente da Assembleia Nacional francesa, e Jean-Luc Mélenchon, fundador do partido França Insubmissa LFI. Fotomontagem
Yael Braun-Pivet, presidente da Assembleia Nacional francesa, e Jean-Luc Mélenchon, fundador do partido França Insubmissa LFI. Fotomontagem © AP Photo/Michel Euler/ Ludovic Marin
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Em um tuíte na rede social X (antigo Twitter), Mélenchon acusou Braun-Pivet de "acampar em Tel Aviv para incentivar o massacre" em Gaza. "Não em nome do povo francês!", protestou o fundador do partido França Insubmissa (LFI), postando um vídeo de uma manifestação pró-Palestina na tarde de sábado (21), em Paris, que reuniu milhares de participantes.

Mélenchon tem colecionado críticas por se recusar a reconhecer o ataque do Hamas ao sul de Israel, em 7 de outubro, como uma ação terrorista. Desde os primeiros momentos da retaliação israelense, com bombardeios que resultaram na morte de um grande número de civis palestinos na Faixa de Gaza, ele tem atribuído a Israel a mesma responsabilidade no conflito

A presidente do Parlamento francês visitou Israel acompanhada do líder do partido conservador Os Republicanos (LR), Eric Ciotti, do deputado Meyer Habib, aliado do LR, e de Mathieu Lefèvre, parlamentar da sigla governista Renascença que é o atual presidente do grupo de amizade França-Israel. Políticos de outras correntes de esquerda consideraram a visita inadequada, por Braun-Pivet ter aprovado, sem restrições, a retaliação de Israel.

Na manhã desta segunda-feira (21), em entrevista à rádio France Inter, a deputada disse ter ficado "muito chocada" com o tuíte de Mélenchon. "Estou convencida de que a palavra 'acampar' não foi escolhida por acaso", afirmou. Para a parlamentar, o termo faz referência aos campos de concentração nazistas, e Mélenchon a teria identificado como possível alvo para ataques antissemitas. Durante a entrevista, a presidente da Assembleia esclareceu as observações que fez durante sua viagem a Israel.

Ameaças de morte nas redes sociais e em cartas

Yaël Braun-Pivet diz que se sente "em perigo" e que está recebendo cada vez mais ameaças de morte nas redes sociais e em cartas anônimas, no contexto do conflito entre Israel e o Hamas. Atualmente, ela está sob proteção policial reforçada. "Quando nos manifestamos sobre essa questão, de repente é a identidade judaica que vem à tona: sou política, sou francesa, não sou religiosa, mas algumas pessoas só enxergam isso", disse a parlamentar.

Ela considera que fez um discurso "equilibrado" sobre o conflito quando esteve em Tel Aviv. "Eu nunca disse que apoio o governo de Israel", explicou ela. "Apoio incondicionalmente a existência de Israel, e hoje a segurança de Israel está sob ameaça", assinalou. "Sempre serei uma defensora da paz", destacou, acrescentando que "devemos ajudar as pessoas inocentes" na Faixa de Gaza, "que estão sofrendo e sendo usadas como escudo".

A reação de Mélenchon à entrevista não tardou. Na rede social X, ele denunciou o "absurdo policiamento de linguagem" da líder parlamentar.

Macron vai a Israel

O presidente Emmanuel Macron fará uma visita a Israel na terça-feira (24). Em Tel Aviv, ele deve se encontrar com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Nétanyahu. Paris tem apoiado a resposta militar de Israel ao ataque do Hamas. Na cúpula para a paz que ocorreu no sábado, no Cairo, a chanceler francesa não defendeu um cessar-fogo, por exemplo, se contentando com um pedido de liberação de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza. O encontro terminou sem avanços.

O porta-voz do governo, Olivier Véran, justificou a posição francesa pelo fato de o movimento extremista islâmico palestino "ter feito reféns, ter atacado Israel e porque é necessário acabar com o Hamas".

Trinta franceses morreram na invasão de 7 de outubro e pelo menos uma pessoa foi tomada como refém – a jovem Mia Schem, exibida em um vídeo que o Hamas gravou no cativeiro da franco-israelense. Outros sete franceses estão desaparecidos. 

Analistas consideram que Macron demorou duas semanas para ir a Israel pelo fato de a França ter trânsito em vários países árabes, especialmente o Qatar, que poderia ajudar na libertação de reféns, como já aconteceu na semana passada com duas americanas. 

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