Justiça francesa investiga cardeal que admitiu "comportamento repreensível" contra jovem de 14 anos
A Justiça francesa abriu uma investigação contra um cardeal que admitiu na segunda-feira (7) que teve um comportamento "repreensível" com uma menor de idade há 35 anos, indicou a Promotoria de Marselha nesta terça-feira (8).
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"Foi aberta uma investigação preliminar para verificar os elementos desta 'revelação'", indicou à AFP o promotor de Marselha, Dominique Laurens, admitindo que "nenhuma denúncia" foi apresentada até o momento.
O cardeal Jean-Pierre Ricard, aposentado desde 2019 no sudeste da França, causou um novo terremoto na Igreja francesa, um ano após a divulgação de um relatório que estimava que havia cerca de 216.000 vítimas menores de abuso por padres e religiosos entre 1950 e 2020.
Em carta lida na segunda-feira pelo presidente da Conferência Episcopal francesa, Éric de Moulins-Beaufort, o ex-bispo de Bordeaux, confessou que se comportou "de forma repreensível com uma menina de 14 anos" há 35 anos, quando era pároco em Marselha.
"Meu comportamento necessariamente causou consequências graves e duradouras para essa pessoa", escreveu o cardeal de 78 anos, que disse que se colocou à disposição da Justiça, tanto civil quanto canônica, e pediu "perdão" à vítima.
A diocese de Marselha publicou uma declaração na segunda-feira indicando que esses fatos já estavam sendo "instruídos" pela Igreja, destacando a "dor" que causaram.
Onze bispos criminosos
No âmbito da sua reunião anual em Lourdes (sudoeste), Moulins-Beaufort assegurou que 11 bispos e ex-bispos foram acusados perante a Justiça civil ou canônica por agressão sexual ou por não denunciar estes acontecimentos, incluindo Ricard.
Outro dos bispos é Michel Santier, a quem as autoridades do Vaticano sancionaram em 2021 por "abusos espirituais resultando em 'voyeurismo' a dois homens adultos" na década de 1990. O silêncio sobre sua sanção causou grande revolta nas últimas semanas entre católicos e grupos de vítimas.
No total, dez ex-bispos são acusados, oito deles por abusos, como Ricard e Santier, e dois por denunciar as agressões. Um décimo primeiro, Pierre Pican, morreu em 2018 e foi condenado por não denunciar os fatos, segundo a Conferência Episcopal francesa (CEF).
Sem entrar em detalhes, o presidente da Conferência Episcopal Francesa (CEF) apontou a "grande diversidade de situações em relação aos atos cometidos ou de que são acusados".
Os 120 membros da CEF se reúnem desde a quinta-feira em Lourdes para trabalhar em "propostas concretas" para melhorar a comunicação e a transparência sobre as medidas canônicas adotadas contra os religiosos acusados de agressão sexual.
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