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Temperaturas na França podem chegar a 50°C em menos de 20 anos, dizem meteorologistas

"A França vai queimar", alarmou-se nesta quinta-feira (16) um apresentador de TV do canal BFM. "Chegou a hora de falarmos sobre isso de outra maneira", considerou, "porque, claramente, apresentar os fatos como sempre não sensibiliza mais o público", concluiu. O jornalista francês se indignou com as previsões de diversos experts sobre a possibilidade do país alcançar a incrível marca de 50°C até 2040, ou mesmo antes do previsto.

As temperaturas na França devem atingir 40° em algumas regiões até esta sexta-feira, 17 de junho de 2022.
As temperaturas na França devem atingir 40° em algumas regiões até esta sexta-feira, 17 de junho de 2022. © meteo concept
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Vinte e três departamentos franceses, a maioria deles localizada no sudoeste do país, foram colocados em alerta laranja de onda de calor desde quarta-feira (15). A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, anunciou nesta quinta-feira (16 de junho) que 12 outros departamentos haviam sido colocados em "alerta vermelho".

Mas o que seria um alerta vermelho climático na França? "Este nível corresponde a um estado de alerta máximo, que indica um fenômeno climático de intensidade excepcional e que representa um perigo para a população", afirma Météo France, a agência nacional do clima. "É necessária uma vigilância absoluta", adverte Météo France, que recomenda que se "respeite imperativamente as instruções de segurança emitidas pelas autoridades públicas".

Veja abaixo a alta das temperaturas médias na França, comparadas às médias "normais" do mês de junho. Paris, por exemplo, tem hoje 14°C a mais do que o normal:

A França deve cruzar o limiar simbólico de 50 graus Celsius no futuro, como na Índia e no Paquistão? "Sim, em alguns lugares, afirmam os especialistas", publica o jornal Le Parisien. Segundo o climatologista Robert Vautard, diretor do Instituto Pierre-Simon-Laplace de Ciências Climáticas, é "possível" que as temperaturas atinjam 50°C ou mais na França, "mas é difícil dizer quando".

"Já tivemos 46 graus em 2019, portanto esta possibilidade não pode mais ser excluída", afirma. "Além disso, fez quase 50°C na Colômbia Britânica em 2021, na mesma latitude que Paris", sublinhou ao site da France info nesta quinta-feira.

No verão passado, Lytton, uma cidade no oeste do Canadá onde os termômetros marcaram 49,6°C durante três dias, foi coberta por uma cúpula de calor - enormes bolhas de ar quente que se fixam em um lugar. Poderíamos experimentar a mesma coisa na França? "No Canadá, foi preciso apenas um verão para que o recorde nacional de calor fosse batido por mais de 4°C", observou François Jobard, meteorologista da Météo France em entrevista ao Le Parisien nesta quinta-feira.

"Na época em que publicamos nosso estudo, fomos criticados por sermos um pouco alarmistas demais. O que observamos desde então está nos provando que temos razão", diz o pesquisador. "Redefinimos nossos cálculos, fizemos muito trabalho sobre eles e obtivemos os mesmos resultados. Dada a freqüência e a intensidade crescente de períodos quentes, podemos chegar a 50°C, ou mesmo 55°C, na França, um dia", diz Jobard. 

Quando? "Se continuarmos a ter emissões [de carbono] tão elevadas entre agora e 2040, chegaremos a extremos rapidamente", diz Samuel Somot, pesquisador do Centro nacional de pesquisas meteorológicas (CNRM) da França. "Há dez anos, eu teria dito: não antes de 2050. Mas o clima está mudando muito rapidamente, de modo que eu acho que é possível isso acontecer num futuro não muito distante. As ondas de calor são freqüentes, quentes e longas. Se não conseguirmos conter o aumento global da temperatura, sabemos que ele vai piorar", faz coro Françoise Vimeux, climatologista do IRD (Instituto de pesquisa para o desenvolvimento da França).

"Cada vez mais cedo ou mais tarde na estação"

Entrevistado pelo canal de notícias BRUT, o pesquisador Aurélien Ribes, de France Metéo, o instituto nacional de meteorologia, afirmou que "a relação entre as mudanças climáticas e uma onda de calor como essa que a França vive agora (ou as ondas de calor afetando outros lugares do mundo) está bem estabelecida". 

Ribes explicou que o aumento das temperaturas induz um aumento na frequência e na intensidade das ondas de calor. "Também é esperado, com o aquecimento global, que as ondas de calor comecem a chegar mais cedo ou mais tarde na estação, como acontece atuamente na França", diz o especialista.

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