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França: partidos de esquerda formam aliança de oposição para se "vingar" de derrota na eleição

Duas semanas após a reeleição do presidente francês, Emmanuel Macron, contra a representante da extrema direita, Marine Le Pen, os partidos de esquerda se articulam para eleger uma grande bancada de oposição a Macron na Assembleia Nacional.

O líder do partido de esquerda radical, França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon durante as manifestações de 1° de maio em Paris.
O líder do partido de esquerda radical, França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon durante as manifestações de 1° de maio em Paris. AFP - THOMAS COEX
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Na madrugada desta segunda-feira (2), a França Insubmissa e os ecologistas (EELV) concluíram uma aliança histórica. As negociações do grupo com o PS (Partido Socialista) e o PCF (Partido Comunista Francês) continuam e podem dar frutos nos próximos dias. No segundo turno da eleição presidencial francesa, a esquerda pediu aos seus eleitores que impedisse a chegada de Le Pen ao poder, fazendo com que Macron vencesse com folga o pleito.

O acordo entre verdes e insubmissos cria a coligação União Popular Ecológica Social, com um programa mínimo em comum: os partidos propõem o aumento do salário-mínimo (dos atuais € 1.269 euros para € 1.400 euros), a manutenção da idade mínima de aposentadoria em 60 anos (contra a proposta de reforma para 65 anos de Macron), e o congelamento dos preços de produtos de uma cesta de primeira necessidade. 

As negociações continuam hoje com socialistas e comunistas, com o objetivo formar uma grande aliança de esquerda para as legislativas. "Queremos construir uma bandeira comum com todas as forças da esquerda para construir uma maioria", sublinhou o líder ecologista Julien Bayou. As eleições legislativas no país estão marcadas para 12 e 19 de junho.

Caso a coligação consiga eleger a maior bancada de deputados da Assembleia Nacional, o líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, terceiro colocado no primeiro turno da presidencial, poderia reivindicar o cargo de primeiro-ministro.

A França tem um regime semipresidencialista que permite a formação de governos de coabitação com a oposição. Se a aposta da esquerda funcionar, o partido de centro-direita República em Marcha, de Macron, teria de governar ao lado da oposição formada pela esquerda.

Nova união da esquerda

Depois do acordo histórico com os verdes, a França Insubmissa tenta avançar rapidamente em suas negociações com os dois partidos tradicionais PS (socialista) e PCF (comunista). 

O objetivo dessa vez é não apenas um acordo, mas garantir o protagonismo da esquerda radical e dos verdes na aliança diante dos partidos que comandaram por mais de um século a esquerda no país. Os dois jovens partidos recolheram juntos quase 27% dos votos no primeiro turno da presidencial, frente a menos de 5 pontos percentuais dos comunistas e socialistas juntos.

No domingo, após grandes manifestações pelo dia do Trabalhador em todo o país, o secretário socialista Olivier Faure deixou as portas abertas para um acordo sobre um programa mínimo.

"Devemos ser capazes de nos ouvir, de nos ouvir e de nos entender. Não sei se será alcançado um acordo. Mas espero que sim", disse Faure.

Acordo pode ser fechado nesta semana

Os comunistas pretendem ter um acordo ainda nesta segunda. "Não há plano B, há apenas um plano A: reunir-se e construir esta grande coalizão da esquerda para finalmente nos vingarmos desta eleição presidencial", afirmou o líder comunista Fabien Roussel em entrevista a Franceinfo.

Um ponto que tem criado obstáculos no acordo até o momento é a União Europeia. Os insubmissos defendem a "desobediência" a certas regras europeias, tema que causa problemas com os socialistas. O acordo com os ecologistas, no entanto, criou um atalho no assunto. O texto define que a desobediência só poderia acontecer em questões orçamentárias e econômicas, e proíbe qualquer tentativa de saída da UE.

No próximo sábado, será realizada na região de Paris a convenção de nomeação dos membros da "Nova união popular ecológica e social". Até lá, as engrenagens do Palácio do Eliseu tentam evitar o sucesso da aliança, tentando formar um governo que atraia o partido socialista, no governo de quem Macron surgiu como ministro da Economia.

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