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Aliado de Lula no Brasil, Mélenchon pode ser a última esperança de uma esquerda francesa moribunda

Na véspera da eleição presidencial francesa, as pesquisas mostram o atual chefe de Estado Emmanuel Macron como favorito, com Marine Le Pen, da extrema direita, em segundo lugar e Jean-Luc Mélenchon, da esquerda radical, se aproximando, em terceira posição. Nenhum candidato de esquerda tem mais de 5% dos votos, exceto Mélenchon (por volta de 15%), que atualmente lidera o movimento conhecido na França como União Popular.

Jean-Luc Mélenchon provou em Marselha que continua sendo um notável orador, abril de 2022.
Jean-Luc Mélenchon provou em Marselha que continua sendo um notável orador, abril de 2022. © RFI/Pierre René-Worms
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Melissa Barra, da RFI

Jean-Luc Mélenchon, conhecido por sua eloquência e seus comícios cheios de efeitos especiais, inclusive com o uso de hologramas, concorre pela terceira vez à eleição presidencial francesa. Em 2017, Mélenchon quase passou para o segundo turno, faltando apenas 600 mil votos. Cinco anos depois, as últimas pesquisas o colocam em terceiro lugar, mas ele espera conseguir a proeza de fazer a esquerda passar para o segundo turno na França, reforçando sua imagem como o "voto útil" de uma esquerda francesa desagregada.

As pesquisas gerais lhe dão 15% das intenções de voto e o colocam atrás de Le Pen e Macron. Entre os eleitores da esquerda francesa, 45% dos entrevistados o consideram como o mais confiável dos candidatos.

"Jean-Luc Mélenchon defende uma esquerda que poderia ser descrita como populista e radical. Sua força é sua crítica bastante radical ao sistema político francês. Há uma crise de legitimidade que levou Marine le Pen, a candidata da extrema direita, a obter 48% dos votos no segundo turno. Há uma raiva, um sentimento de 'eles não nos representam, eles não nos escutam' entre o eleitorado", observa Yves Sintomer, cientista político da Universidade de Paris VIII.

Radical?

Mas o quão radical é Jean-Luc Mélenchon? O candidato do partido França Insubmissa pode ser considerado um político anti-sistema?

"Mais do que anti-sistema, eu gostaria de chamá-lo de 'contra o sistema'. Somos um movimento que propõe uma verdadeira alternativa para a sociedade. [Mélenchon] tem uma contraproposta", responde Christián Rodríguez, encarregado das relações internacionais do França Insubmissa, o movimento fundado pelo candidato de esquerda.

"O que queremos é um salário justo, uma aposentadoria aos 60 anos de idade e, em nível internacional, uma política diplomática para a paz urgente, especialmente em um contexto de guerra. Mas também, para que os trabalhadores possam viver com dignidade, o bloqueio dos preços da eletricidade e da gasolina", diz Rodríguez, entrevistado pela RFI.

"Mélenchon pede àqueles que se tornaram milionários nos últimos cinco anos que compartilhem o bolo com as camadas mais pobres da população e que ponham um fim a um sistema econômico que está causando muitos danos ao nosso povo", acrescenta Rodríguez.

Mélenchon aparece como a única opção progressiva em pesquisas dominadas pelas direita. E se ele não for validado nas urnas, diz Sintomer, será o golpe de misericórdia para a esquerda francesa.

"A esquerda está muito dividida entre uma corrente tradicional pouco capaz de integrar as questões ecológicas, as questões de gênero, as novas questões da esquerda cultural", diz. "Até agora, nenhum candidato foi capaz de unificar a esquerda. Se Jean-Luc Mélenchon não conseguir chegar ao segundo turno, a esquerda francesa pode quase desaparecer da paisagem", adverte o cientista político.

Jean-Luc Mélenchon foi uma das autoridades europeias a visitar o ex-presidente Luis Inacio Lula da Silva na prisão em Curitiba, para prestar sua solidariedade.

O primeiro turno das eleições acontecerá no domingo, 10 de abril, e o segundo turno no dia 24 de abril. 

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