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Quem é a estudante do Benin que se emocionou com Lula em Paris em vídeo viral

A estudante e modelo profissional Anice Lawson atualmente faz doutorado na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais em Paris, uma das mais conhecidas da França. Ela também é graduada em Ciências Sociais pela Unviersidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde estudou entre 2013 e 2017. Na terça-feira (16), perto de sua casa, em uma rua no 7º distrito da capital, ela viu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva descendo de um carro e o abordou. O vídeo do encontro viralizou nas redes sociais.

A estudante do Benin Anice Lawson na época em que vivia no Brasil, onde chegou em 2012, em visita a Brasília
A estudante do Benin Anice Lawson na época em que vivia no Brasil, onde chegou em 2012, em visita a Brasília © Foto: arquivo pessoal
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Nas imagens do vídeo que viralizou nas redes sociais, Anice agradece a oportunidade que teve, há oito anos, de ter estudado no Brasil através do programa PEC-G (Programa de Estudantes-Convênio de Graduação), que é oferecido aos estudantes com quem o Brasil mantém acordos culturais e internacionais. O ex-presidente brasileiro está viajando pela Europa e chegou à França nesta terça-feira.

“Foi por acaso. Eu estava indo ao mercado porque moro no bairro onde fica o hotel do ex-presidente. Quando eu o abracei, ninguém sabia que estava sendo gravado. Depois que eu pedi a foto, o Lula falou: ‘era para ter gravado isso, será que vocês gravaram?’ Como não tinha sido o caso, ele pediu para me entrevistarem”, conta Anice, para explicar possíveis suspeitas de que o vídeo pudesse ter sido armado para promover o ex-presidente brasileiro.

“No vídeo, você verá que tem uma parte em que nos abraçamos e outra que foi meio montada. Nessa segunda parte, falo que estou muito emocionada e me apresento, dizendo que estudei na UFRJ”, conta. Ela só descobriu que o vídeo tinha viralizado depois de chegar em casa, duas horas depois. “Fiquei com medo e surpresa. Meus amigos do Brasil mandaram várias mensagens, querendo saber como foi o encontro e dizendo que queriam o mesmo abraço. Como eu ainda não tinha visto o vídeo, não entendi o que estavam dizendo”, explica.

A estudante conta que sabia que o ex-presidente estava na Europa, mas não tinha informações sobre sua vinda à França. “Eu estava querendo me programar para assistir à sua conferência na Sciences Po. Quando eu o vi, minha intenção era apenas obter uma foto para mostrar para meus amigos no Rio”, completa a estudante de 31 anos.

A estudante do Benin Anice Lawson, na época em que estudava Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro
A estudante do Benin Anice Lawson, na época em que estudava Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro © Arquivo pessoal

Visto negado na França

Anice nasceu no Togo e por volta dos três anos de idade se mudou para o Benin. A doutoranda fez uma graduação de jornalismo no país antes de candidatar ao programa de intercâmbio no Brasil. Na época, explica que não tinha conseguido o visto para vir à França depois de se formar no Benin, mas foi aceita no Brasil, onde obteve um segundo diploma de ensino superior na UFRJ. “Meu visto foi recusado no período do Sarkozy”, conta Anice, em referência ao ex-presidente Nicolas Sarkozy, que governou a França entre 2007 e 2012. Por isso, explica, sentiu tanta “gratidão” ao ser aceita no Brasil.

“Muitas coisas me marcaram no Brasil. As pessoas, o calor brasileiro. O país me ensinou a amar a vida, a aproveitar as oportunidades e a viver como é possível. ” Anice também é modelo profissional, trabalhou para uma agência na cidade e até participou da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. “Esse vídeo me lembrou minha vida inteira no país, onde não tinha família, mas fui muito bem acolhida”, ressalta.

Anice Lawson mora perto do hotel onde o ex-presidente Lula está hospedado e diz tê-lo encontrado por acaso na rua
Anice Lawson mora perto do hotel onde o ex-presidente Lula está hospedado e diz tê-lo encontrado por acaso na rua © Foto: Arquivo pessoal

A estudante diz que se lembra do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e de quando Lula foi preso, em 2018. “Foram momentos difíceis para mim. Não que eu seja a favor de tudo o que o PT faz, mas o que fizeram com a Dilma não é justo. Ela não merecia essa humilhação, mas as coisas positivas devem ser enaltecidas, como a oportunidade que nós, estrangeiros, tivemos de ir para o Brasil”, avalia.

“Apesar de alguns brasileiros chamarem o Lula de 'ladrão', teve investimento na educação. Foi no governo dele que tudo isso foi possível.”, ressalta. Depois da experiência no Brasil, Anice veio para a França por um curto período e em seguida voltou para o Benin. Em seguida, ela se instalou novamente em Paris, pouco antes do lockdown, em 2020, causado pela epidemia de Covid-19.

“Eu queria muito ter ficado no Brasil. Deixei uma parte de mim no Rio. Na véspera da minha viagem de volta, passei no jardim Botânico porque queria uma imagem de um lugar apaziguador, e não daquela violência veiculada todo dia na mídia. Se eu não tivesse ido para o Brasil não teria essa bagagem intelectual para pensar melhor a sociedade. O Brasil me deu essa base”, conclui.

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