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Rússia e França travam nova "guerra" comercial em rótulos de champanhe

A Rússia criou uma nova fonte de atrito com a França: a "guerra do champanhe", como tem denominado a imprensa francesa. Uma lei assinada pelo presidente Vladimir Putin na sexta-feira (2) obriga os importadores de marcas de champanhe francesas a escrever no contrarrótulo da garrafa a menção "vinho espumante". A tradução de champanhe em russo – "champanskoïe" – passou a ser reservada aos produtos fabricados localmente.

Lei promulgada por Vladimir Putin muda rotulagem do champanhe francês na Rússia para favorecer produtos locais.
Lei promulgada por Vladimir Putin muda rotulagem do champanhe francês na Rússia para favorecer produtos locais. JOEL SAGET AFP/File
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O jornal Le Parisien diz, nesta terça-feira (6), que "depois das sobretaxas de importação criadas pelo ex-presidente americano Donald Trump para o queijo roquefort e os vinhos franceses, o champanhe agora é alvo de uma nova guerra comercial". O diário explica que a apelação champanhe continua aparecendo no rótulo das garrafas francesas vendidas na Rússia, mas os contrarrótulos originais estão sendo cobertos por uma etiqueta na qual se lê, no alfabeto cirílico, a menção "vinho espumante". "Isso é uma humilhação para os prestigiosos produtores de Reims ou de Épernay", deplora o Le Parisien

O Comitê Profissional do Vinho de Champagne cobra uma reação das autoridades francesas e europeias. Afinal, a legislação francesa na área é rigorosa e garante que apenas as bebibas produzidas na região homônima da França podem ser chamadas de "champagne". Trata-se de um nome protegido por lei. 

Os russos começaram a desenvolver seus vinhos espumantes tardiamente, na década de 1930, sob impulso do ditador soviético Joseph Stalin. O "champanskoïe" é um espumante barato e de baixa qualidade, que tem uma produção anual de 200 milhões de garrafas. Já o verdadeiro e caro champanhe francês tem um mercado de 2 milhões de garrafas na Rússia e costuma ser consumido pela elite. A qualidade da bebida francesa é incomparável.

Desprezo pelas regras europeias

"Uma degustação do produto russo encerra rapidamente o debate sobre esta heresia", afirma o Le Parisien. O sommelier Philippe Faure-Brac, eleito o melhor do mundo em 1992, diz ao jornal que "a bebida russa não é insuportável, mas falta elegância". 

Alguns analistas acreditam que além do prazer de desafiar a França, mexendo com um produto que é motivo de orgulho nacional, Putin tenta com essa medida dar apoio aos produtores de espumantes russos, atualmente em expansão. Mas é evidente que existe uma provocação política em relação à França e à União Europeia, já que a Rússia trata com descaso as regras europeias, avalia a imprensa francesa.

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