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Governo tenta impor na surdina obrigatoriedade da vacina contra Covid-19 e cria polêmica na França

O presidente Emmanuel Macron tinha prometido que a vacinação não seria obrigatória na França, mas um projeto de lei sobre a emergência sanitária proposto pelo governo abria uma brecha para a imposição da vacinação. O texto, revelado nessa terça-feira (22), provocou uma grande polêmica no país e o Executivo teve que recuar destaca a imprensa francesa desta quarta-feira (23).

Diante da polêmica, o ministro francês da Saúde Olivier Véran adiou sine die o debate e votação do projeto de lei acusado de tentar impor a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19 na França.
Diante da polêmica, o ministro francês da Saúde Olivier Véran adiou sine die o debate e votação do projeto de lei acusado de tentar impor a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19 na França. © AP - LUDOVIC MARIN
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O projeto de lei prevê, se necessário, a limitação da circulação das pessoas que não vacinadas. Sem um teste negativo para a Covid-19 ou um atestado de imunização, elas não poderiam pegar os transportes públicos, frequentar alguns locais ou exercer certas atividades. A decisão da imposição caberia ao primeiro-ministro francês e o Conselho de Estado validou o dispositivo, pedindo, no entanto, que ele fosse implementado somente após a comprovação de sua necessidade. A reação da oposição, liderada pelo partido de extrema direita Reunião Nacional de Marine Le Pen, foi imediata e o governo teve que recuar, informa Le Monde.

“O Executivo renunciou a impor a vacinação obrigatória”, afirma Le Figaro. Concretamente, o ministro da Saúde Olivier Véran adiou sine die o debate e a votação do projeto de lei.

O texto surpreendeu todo mundo, inclusive integrantes do governo, escreve o diário conservador. O objetivo da proposta era preparar o país para a saída do atual estado de emergência sanitária, em 21 de abril de 2021, criando um aparato jurídico durável para enfrentar novas pandemias.

“Ditadura sanitária”

Um dos primeiros a reagir foi o partido Reunião Nacional que denunciou um "deslize insano" que instaura uma espécie de "ditadura sanitária" no país. "Qual será a próxima etapa? O governo vai verificar se as pessoas usam máscara em casa, dormindo?", questionou a sigla de Marine Le Pen.

Essa foi mais uma oportunidade para mobilizar os antivacinas franceses, critica Libération. O líder do partido nacionalista Os Patriotas, Florian Philippot, não perdeu a ocasião para tuitar repetidas vezes contra "a monstruosidade do passaporte sanitário".

O partido conservador Os Republicanos pergunta "o que está escondendo  o presidente Emmanuel Macron? Se o texto for aprovado, o Executivo teria todo o poder para suspender nossas liberdades sem o controle do Parlamento, e isso seria inaceitável", ressaltou o vice-líder da sigla, Guillaume Peltier, no Twitter. A esquerda também protestou.

Polêmica adiada provisoriamente

O debate esquentou durante toda a segunda-feira e à noite o governo tentou acalmar os ânimos. Durante uma entrevista na TV, o ministro da Saúde anunciou a retirada do texto, acusado de tentar impor na surdina a obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19, por tempo indeterminado.

"A vacinação não será obrigatória na França”, reiterou Olivier Véran, denunciando uma controvérsia nociva, criada, segundo ele, pela extrema direita. O adiamento da análise do projeto de lei sobre a emergência sanitária no Parlamento encerra apenas provisoriamente a polêmica, prevê Le Figaro.

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