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Atentados de janeiro de 2015: promotoria pede entre 5 anos e prisão perpétua para 14 acusados

A promotoria antiterrorista da França detalhou nesta terça-feira (8) em Paris as penas solicitadas contra cada um dos 14 acusados dos atentados de janeiro de 2015: entre cinco anos de detenção à prisão perpétua. 

Ilustração mostra o advogado do jornal Charlie Hebdo, Richard Malka, no Tribunal de Paris, em 4 de dezembro de 2020.
Ilustração mostra o advogado do jornal Charlie Hebdo, Richard Malka, no Tribunal de Paris, em 4 de dezembro de 2020. © Benoît Peyroucq, AFP
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Com informações da repórter Laura Martel 

As penas se anunciam pesadas para os 14 suspeitos que estão sendo julgados, a começar pelo principal acusado neste processo, o franco-turco Ali Riza Polat, visto como "a peça chave" nos preparativos dos ataques de janeiro de 2015 contra a redação do jornal satírico Charlie Hebdo e o supermercado kosher Hyper Cacher.

Polat, considerado cúmplice dos ataques cometidos pelos irmãos Kouachi e Amedy Coulibaly pode ser condenado à prisão perpétua (que na França tem a duração máxima de 30 anos). Para o franco-turco, a promotoria requer ao mínimo 22 anos de detenção em regime fechado. 

"Sua caneta não vai tremer para condenar aquele que não apenas multiplicou o apoio logístico, mas também esteve ao lado de todos os protagonistas", afirmou à Corte um dos procuradores, Jean-Michel Bourlès. Segundo ele, Polat foi o "pivô" dos preparativos, presente "em todas as etapas" até a manhã do fatídico 7 de janeiro, quando parte da redação do Charlie Hebdo foi metralhada pelos irmãos Kouachi.

Bourlès descreve o franco-turco como "impulsivo, intolerante à frustração e à contradição". Segundo ele, Polat conhecia "necessariamente e sem nenhuma dúvida" as intenções de Coulibaly, além de sua proximidade com a ideologia jihadista. Além disso, durante o processo, o acusado multiplicou "insultos, ameaças e provocações e não inspira nenhuma esperança sobre a possibilidade de reinserção" à sociedade. 

A segunda solicitação dura de pena à prisão perpétua diz respeito a Michael Pastor Alwatik, "um autêntico simpatizante da causa", alega a promotoria antiterrorista da França. Para os magistrados, o acusado "deveria ter perpetrado o ataque [contra o supermercado Hyper Cacher] junto com Coulibaly, antes de renunciar".

Contra os outros supostos envolvidos nos ataques, acusados de apoio logístico e processados por "associação a agressores terroristas", foram pedidos entre 13 e 18 anos de prisão. Para os três acusados ausentes, a promotoria solicitou 30 anos (com um período fixo de cumprimento de dois terços da pena em regime fechado) para Hayat Boumeddiene, viúva de Coulibaly, além de 20 anos de detenção e prisão perpétua, respectivamente, para Mehdi e Mohamed Belhoucine, que teriam morrido na zona de guerra sírio-iraquiana.

Os procuradores também solicitaram penas de entre 5 a 20 anos de prisão para outros acusados, julgados por suposto apoio logístico aos irmãos Sherif e Saïd Kouachi.

Extrema gravidade dos fatos

Ao ouvirem as solicitações de pena, alguns acusados esconderam os rostos com as mãos, outros deixaram escapar xingamentos contra a promotoria antiterrorista da França.

"As condenações devem estar à altura da extrema gravidade dos fatos", defendeu a advogada-geral Julie Holveck. A magistrada também não poupou críticas à viúva de Coulibaly, que segue foragida desde a realização dos atentados. "Ela se tornou um instrumento de propaganda, é a princesa do grupo Estado Islâmico", afirmou. 

Desde o início do processo, em 2 de setembro, os acusados presentes negaram terem participado dos massacres. A defesa alega falta de provas materiais nos casos.

Holveck também denunciou a atitude dos acusados que multiplicaram declarações contraditórias à corte. "Eles têm o direito de mentir, mas é nossa função lidar com as consequências disso", afirmou. 

A defesa dos acusados vai se pronunciar nesta terça-feira: uma etapa do processo que deve se prolongar até a próxima semana. O veredito está previsto para ser anunciado em 16 de dezembro.

 

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