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França reforça plataforma de denúncias e alerta redes sociais contra discurso de ódio

A ministra francesa da Cidadania, Marlène Schiappa, se reuniu nesta segunda-feira (19) com os chefes dos serviços policiais do país para estudar novos dispositivos que fortaleçam o combate ao "ciberislamismo" e às mensagem de ódio, principalmente nas redes sociais. Facebook, Twitter, Youtube, Tiktok e Snapchat também estão na mira do governo.

Os tuítes do assassino de Samuel Paty haviam sido denunciados à Pharos, plataforma dedicada à circulação de conteúdo ilegal na Internet.
Os tuítes do assassino de Samuel Paty haviam sido denunciados à Pharos, plataforma dedicada à circulação de conteúdo ilegal na Internet. PHILIPPE HUGUEN / AFP
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Estes encontros fazem parte da estratégia do governo de fechar o cerco contra o islamismo radical em território francês, que é também bastante difundido pelas redes sociais.

“O ciberislamismo se desenvolveu”, sublinhou a ministra, três dias após a decapitação no meio da rua do professor Samuel Paty, em Conflans-Sainte-Honorine, a 50 km de Paris, levando a um questionamento das redes sociais por terem veiculado mensagens estigmatizando o professor de história e geografia.

Nesse contexto, Schiappa visitou o subdiretório de luta contra o crime cibernético, que hospeda a plataforma de denúncia do Pharos. Foi esta plataforma, destinada ao público em geral, que identificou as 80 mensagens de apoio à ação do agressor de Samuel Paty.

Pharos

Criada em 2009, a plataforma Pharos permite ao público denunciar conteúdos ilegais na Internet. O nome é a sigla para Plataforma de Harmonização, Análise, Referência Cruzada e Orientação de Relatórios, e recebe a cada ano milhares de denúncias de pedofilia, racismo, xenofobia, incitação ao ódio, terrorismo e apologia ao terrorismo, entre outros.

“A plataforma Pharos está bem identificada pela população. É uma questão de ver como podemos melhorar a articulação entre os diferentes serviços”, explicou a ministra, que reuniu altos funcionários da Polícia para estudar possíveis melhorias para uma detecção mais eficaz de conteúdo de ódio na Internet.

A Pharos, cujos recursos o governo quer reforçar, havia recebido em julho um relatório do Twitter sobre o assassino que decapitou o professor. A conta não havia sido suspensa, pois não havia nenhum alerta importante sobre um possível ataque, indicou uma fonte próxima à investigação à rádio France Info.

Esta conta do Twitter foi finalmente suspensa após o ataque de sexta-feira e a publicação de uma foto da vítima.

"Fatwa online"

Na manhã desta segunda-feira, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, denunciou "uma fatwa online" (sentença de morte baseada na lei islâmica). E, na véspera, o Conselho de Defesa presidido por Emmanuel Macron decidiu agir contra quem apoiava o ataque ao professor nas redes sociais.

Já são 15 detidos para interrogatório pela polícia, após a suspeição de que a divulgação do vídeo do pai de uma aluna de Samuel Paty, indignado com a atitude do professor - que mostrou caricaturas de Maomé numa aula sobre liberdade de expressão - teria influenciado o assassino, um checheno de 18 anos, a cometer o crime.

Na comitiva de Marlène Schiappa, argumenta-se que além dos dispositivos de denúncia e bloqueio de conteúdos ilegais, é preciso também que o Estado esteja presente nas redes e organize um “contra-discurso” para responder aos discursos de ódio.

Atualmente, as denúncias que chegam ao Pharos são processadas por policiais que, após verificação, alertam os serviços competentes para que uma investigação possa ser aberta sob a autoridade de um procurador de Justiça. Muitas vezes, porém, esse dispositivo não permite o apagamento rápido de conteúdo considerado ilegal.

Redes sociais e criptomoedas na mira do governo

As redes sociais também têm mecanismos de denúncia, mas sua eficácia relativa é criticada. Os chefes das redes sociais presentes na França foram convocados nesta terça-feira pela ministra da Cidadania, no âmbito da "luta contra o ciberislamismo". Estarão presentes os responsáveis franceses do Facebook, Twitter, Google (Youtube), Tiktok e Snapchat, segundo o ministério.

Além disso o governo francês também está atento ao financiamento do terrorismo em solo europeu, que acontece principalmente por meio de criptomoedas, permitindo aos terroristas sacar dinheiro sem deixar vestígios.

“As criptomoedas são um verdadeiro problema de financiamento do terrorismo ”, afirmou no domingo (18), à TV France 3, o ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, que quer tomar medidas concretas, após este crime que chocou a França.

(Com informações da AFP)

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