França: homenagem nacional a professor decapitado está marcada para quarta-feira (21)
Centenas de pessoas foram neste sábado (17), espontaneamente, prestar homenagem ao professor de História e Geografia Samuel Paty, morto na sexta-feira (16) na cidade de Conflans-Saint-Honorine, a 50 quilômetros de Paris, por um terrorista russo de origem chechena. Manifestações contra a barbárie deste crime ocorreram em outras cidades da França, como Nice e Rennes. Uma homenagem nacional ser prestada na próxima quarta-feira (21), em coordenação com a família do professor assassinado, anunciou o Palácio do Eliseu.
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Políticos de todos os espectros planejam participar de homenagens em dezenas de cidades da França neste domingo (18), incluindo uma na Praça da República, em Paris, dois dias após a decapitação do professor. Na capital francesa, a homenagem está marcada para as 15h deste domingo (10h em Brasília), a pedido de diversos sindicatos e associações de professores, além do jornal Charlie Hebdo, que publicou caricaturas de Maomé.
A Praça da República, tradicional local de manifestações em Paris, foi o epicentro da manifestação em 11 de janeiro de 2015 – alguns dias após os ataques terroristas ao jornal satírico Charlie Hebdo e ao supermercado Hyper Cacher –, que reuniram cerca de 1,5 milhão de participantes.
Dez pessoas se encontram detidas para interrogatório neste sábado (17), um dia após a decapitação do professor Samuel Paty, que havia mostrado caricaturas de Maomé a seus alunos numa aula sobre liberdade de expressão. O agressor, morto pela polícia logo após o ataque, é um jovem checheno de 18 anos, nascido em Moscou e refugiado na França.
Este crime ocorreu três semanas após um atentado a facão perto da antiga sede do Charlie Hebdo.
#EuSouEducador
A Associação de Prefeitos da França apelou neste sábado a todos os municípios que prestem homenagem a Samuel Paty, propondo que exponham a hashtag #JeSuisEnseignant (Eu sou Educador) nas sedes das prefeituras. A associação pede também que respeitem um minuto de silêncio na próxima reunião das Câmaras Municipais e que escolham um dia para colocar a bandeira a meio mastro.
A RFI ouviu Christine Guimonnet, secretária geral da Associação de Professores de História e Geografia da França, sobre o crime que chocou a França. “Dá muito medo, porque agora estamos todos estarrecidos, é um choque profundo. O que se passou é extremamente violento, e todos os meus pensamentos vão para o nosso colega e a sua família”, disse. “O ensino, num Estado democrático, tem como objetivo de instruir os alunos, de desenvolver neles o acesso ao conhecimento, à reflexão, à razão – sejam eles religiosos ou não”, completou Guimonnet.
A professora fez questão de dizer que ela e seus colegas ensinam para dar aos alunos as chaves de compreensão do mundo, da História, da Geografia. “O que nós inculcamos é o senso do debate, da democracia, que não é somente o direito de voto, mas também o debate, mesmo – e sobretudo – quando não estamos de acordo. Quando temos opiniões diferentes, a gente deve falar, trocar ideias, não se estapear nem matar alguém”, finaliza.
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