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Relatório confirma que reformas fiscais de Macron favoreceram os mais ricos

O líder francês Emmanuel Macron não vai se livrar tão cedo da pecha de "presidente dos ricos". Pelo segundo ano consecutivo, um relatório do órgão estatal France Stratégie sobre as reformas fiscais realizadas no mandato de Macron dá razão aos que criticam as medidas favoráveis aos milionários franceses.

Destaque na imprensa francesa desta sexta-feira (09), para reforma fiscal na França que privilegiou os mais ricos.
Destaque na imprensa francesa desta sexta-feira (09), para reforma fiscal na França que privilegiou os mais ricos. © Fotomontagem RFI
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Por mais que o presidente prefira destacar que reduziu o imposto de renda e praticamente acabou com um imposto semelhante ao IPTU para 80% da população, a substituição do Imposto de Solidariedade sobre a Fortuna (ISF) por um Imposto sobre a Fortuna Imobiliária (IFI) e a criação de uma taxa com teto de 30% sobre as aplicações financeiras (flat tax) acabaram beneficiando os mais ricos, conclui esse organismo.

Em 2018, os rendimentos de 0,1% dos franceses do topo da pirâmide de distribuição de renda aumentaram 27%, contra 10% no ano anterior. Para os autores do relatório, os ricos ficaram ainda mais ricos na França ao embolsar os ganhos com dividendos. Em 2018, as empresas francesas distribíram € 23,2 bilhões em dividendos, contra € 14,3 bilhões em 2017. Dois terços desse montante foram parar nas contas bancárias dos mais ricos.

Um dos poucos efeitos positivos das reformas fiscais de Macron é que provocaram um retorno ao país de alguns milionários que estavam expatriados, fugindo do pagamento de impostos elevados. Houve também uma pequena queda do número de exilados fiscais. Em 2018, 240 novos contribuintes de peso se inscreveram na Receita, contra 113 em 2017. Por outro lado, 163 milionários foram embora do país, contra 376 no ano anterior.

"Motivos para comemorar? Não muito. A teoria da redistribuição ainda não se confirmou. Os 'presentes' dados aos mais ricos não significaram mais dinheiro para o resto dos franceses, que, para 90% deles, se beneficiaram de uma alta tímida de 2 a 3% da renda em 2018" graças ao fim do imposto predial, explica o jornal Le Parisien

Assunto "explosivo" no Ministério das Finanças

Segundo o diário, as conclusões desse relatório causam apreensão e se tornaram um tema "explosivo" no Ministério da Economia e Finanças. Com essas reformas, a França se aproximou das práticas fiscais aplicadas pela maioria dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas elas não melhoraram a situação financeira da maioria da população.

O diário econômico Les Echos, de linha editorial liberal, reconhece que a leitura dos dados tende a virar munição contra o governo, principalmente da oposição de esquerda. Mas lembra que a França continua sendo o país da OCDE que cobra mais impostos sobre o capital em porcentagem do PIB.

Outro aspecto negativo do levantamento é que o organismo France Stratégie não soube dizer se os milionários que beneficiaram desse aumento significativo de riqueza aplicaram o excedente de dinheiro no financiamento de empresas ou se contentaram-se em colocar para render ainda mais no mercado financeiro.

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