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Livro revela que Macron autoriza execução em série de jihadistas

O jornalista Vincent Nouzille, do diário conservador Le Figaro, revela nesta sexta-feira (25) um aspecto inédito da ação de Emmanuel Macron enquanto chefe das Forças Armadas francesas. Macron tem ordenado operações militares cada vez mais ofensivas e a execução em série de jihadistas. As revelações estão contidas na segunda edição do livro "Os assassinos da República" (editora Fayard), de Nouzille, que acaba de chegar às livrarias.

O jornal le Figaro revela que o presidente francês, Emmanuel Macron, tem autorizado a eliminação em série de jihadistas que ameaçam ou cometem atentados contra os interesses franceses, acentuando uma estratégia adotada por seu antecessor no cargo, o socialista François Hollande.
O jornal le Figaro revela que o presidente francês, Emmanuel Macron, tem autorizado a eliminação em série de jihadistas que ameaçam ou cometem atentados contra os interesses franceses, acentuando uma estratégia adotada por seu antecessor no cargo, o socialista François Hollande. © Fotomontagem RFI
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"Na 'guerra contra o terrorismo' no exterior, Emmanuel Macron não economiza no uso da força, seja no Iraque ou na Síria, onde autorizou operações de forças especiais e ataques seletivos contra membros do Estado Islâmico, ou na região africana do Sahel, onde reforçou o contingente militar da missão Barkhane nos últimos meses", revela o jornalista do Le Figaro. De forma discreta, o líder centrista tem autorizado operações clandestinas conhecidas como "grilhões", que podem eliminar inclusive jihadistas de nacionalidade francesa. Essa guerra secreta, iniciada sem escrúpulos pelo ex-presidente François Hollande, foi ampliada por Macron, informa Nouzille.

O jornalista descreve a execução recente de suspeitos do atentado que matou, em 9 de agosto, seis agentes humanitários franceses da ONG Acted e seus dois guias nigerinos em um parque natural no Níger. Dois grupos jihadistas rivais atuam nessa região da África: o GSIM (Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos), ligado à Al Qaeda, e o EIGS (Estado Islâmico no Grande Sahara).

Dois dias depois do massacre, em uma reunião do Conselho de Defesa, Macron determinou a identificação e a execução dos suspeitos. Após quatro dias de uma investigação de inteligência, helicópteros franceses destruíram duas bases logísticas do grupo ligado à Al Qaeda, principal suspeito do ataque. Na manhã de 17 de agosto, um drone Reaper da Força Aérea lançou uma bomba guiada a laser contra uma pick-up de supostos jihadistas, matando todos os ocupantes do veículo. Em seguida, uma patrulha de dois aviões Mirage 2000D destruiu o acampamento temporário dos jihadistas no deserto, matando vários "terroristas”, segundo o comando militar francês.

Determinação marcial

De acordo com Nouzille, não foi a primeira vez que Macron demonstrou sua determinação marcial e sua vontade de punir suspeitos de terrorismo. Desde sua eleição em maio de 2017, ele adotou o uniforme de chefe de guerra com a mesma determinação de seu antecessor François Hollande. "É uma lâmina fria", diz um oficial militar próximo do presidente. “Ele analisa e decide rapidamente”, acrescenta um de seus assessores. “Macron assume plenamente as suas responsabilidades constitucionais como chefe das Forças Armadas, com toda a seriedade que isso implica, sem hesitação”, diz a deputada Françoise Dumas, presidente da Comissão de Defesa da Assembleia Nacional.

Segundo o autor do livro "Os assassinos da República", nada predestinava Macron a uma postura tão belicosa. O presidente francês é graduado em filosofia e finanças, e em nenhum momento de sua vida, até chegar ao Palácio do Eliseu, foi instruído para lidar com assuntos militares ou para se familiarizar com o mundo da inteligência. Mas a eleição, o peso do cargo e seu desejo de assumir o controle dessas questões o transformaram, observa Nouzille.

No dia a dia, Macron acompanha as operações militares da França em tempo real, com a ajuda de seu novo chefe de gabinete, o almirante Jean-Philippe Rolland. Em princípio, essas eliminações sucessivas de líderes deveriam desorganizar os grupos jihadistas. Mas, na prática, os chefes são rapidamente substituídos, ampliando as zonas de conflito.

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