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Cidades francesas apelam para máscaras de tecido para proteger população do coronavírus

A polêmica gerada pela escassez de máscaras descartáveis à venda nas farmácias está levando prefeitos de várias cidades francesas a adotar decretos municipais que obrigam os moradores a cobrir a parte inferior do rosto quando saem de casa. Máscaras artesanais reutilizáveis, fabricadas em tecido, tornaram-se uma alternativa para acrescentar uma barreira mecânica à propagação do coronavírus.

Na falta de máscaras cirúrgicas descartáveis contra o coronavírus, prefeitos franceses tomam a iniciativa de distribuir máscaras de pano.
Na falta de máscaras cirúrgicas descartáveis contra o coronavírus, prefeitos franceses tomam a iniciativa de distribuir máscaras de pano. REUTERS - STEPHANE MAHE
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Em Sceaux, município de 19.300 habitantes na região parisiense, o prefeito Philippe Laurent proibiu os moradores de sair nas ruas com o nariz e a boca descobertos. Eles podem usar máscaras artesanais, um lenço ou cachecol amarrados no rosto, contanto que protejam essa parte da face para evitar transmitir o coronavírus por meio da expiração, de um espirro, um acesso de tosse ou gotículas de saliva. O cuidado é obrigatório para todos os cidadãos de Sceaux com mais de 10 anos de idade; apenas as crianças pequenas foram excluídas do decreto.

A prefeitura de Cannes (sul), cidade da Riviera Francesa sede do badalado festival internacional de cinema, fabrica a toque de caixa cerca de 4.000 máscaras de pano por dia. O prefeito conservador David Lisnard lançou uma manufatura de máscaras reutilizáveis, "100 % made in Cannes", produzidas por costureiras locais.

Os primeiros exemplares passaram por testes de resistência e foram considerados de acordo com a norma Afnor S76-001, validadas pela Sociedade Francesa de Higiene Hospitalar. O acessório, feito em três camadas, leva uma faixa de viscose entre duas de algodão.

A partir desta quarta-feira (8), os comerciantes de Cannes que permanecem com seus estabelecimentos abertos vão receber as máscaras da prefeitura. Na sequência, o produto será distribuído gradualmente para os 73.800 habitantes. Lisnard diz que, por enquanto, não pretende impor o uso da objeto. Ele prefere aguardar um posicionamento nacional.

Na vizinha Nice, o prefeito conservador Christian Estrosi – que foi infectado pelo coronavírus e se curou da Covid-19 –, quer tornar o uso da máscara obrigatório dentro de dez dias. Ele está em negociação com fornecedores, inclusive com as Forças Armadas, para oferecer "um produto com garantias contra a Covid-19".

Em Paris, a prefeita socialista Anne Hidalgo se prepara para distribuir 2 milhões de máscaras reutilizáveis em tecido aos habitantes nos próximos dias.

Em Roanne (sudeste), a 398 km da capital, a tecelagem "Les Tissages de Charlieu", converteu uma parte de sua produção para a confecção do acessório facial. Mas o diretor da empresa, Eric Boel, disse nesta terça-feira (7) à rádio France Info que não encontrava mais elástico no mercado nacional, apenas importado da China. "Não temos nada contra os chineses, mas acabamos dando um jeito de fabricar o material a 100 quilômetros daqui", relatou.

A empresa produz atualmente 250.000 unidades por dia. No início, as compras interessaram sobretudo hospitais, bombeiros e casas de repouso para idosos. Agora, a indústria agroalimentar, construturas e supermercados também têm encomendado o produto em tecido.

Lavagem a 60°C

Costuradas à mão em casa ou feitas com a ajuda de impressoras 3D, as máscaras de proteção facial, muito comuns nos países asiáticos vão, aos poucos, conquistando os franceses. Principalmente, depois de a população perceber que o governo não incentivou o uso do produto porque não tinha a menor chance de importar ou fabricar em quantidade suficiente para distribuir à população. As autoridades guardaram os estoques para distribuição aos agentes da saúde. E, mesmo assim, sindicatos de médicos e enfermeiros reclamam de escassez.

Apesar de muitos especialistas dizerem que o acessório não é uma "panaceia", o remédio mágico contra a infecção viral, a Academia Francesa de Medicina acabou dando seu aval às máscaras alternativas, na impossibilidade de o governo oferecer o produto cirúrgico descartável para a população.

Algumas recomendações são fundamentais na hora de se retirar do rosto. A máscara não deve ser colocada sobre qualquer superfície. O objeto usado deve ser transferido para um saco plástico fechado e dali sair diretamente para a máquina de lavar roupas. A lavagem deve durar no mínimo 30 minutos a 60°C de temperatura, e o saco de transporte jogado no lixo.

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