Catedral Notre-Dame de Paris: seis grandes etapas antes do início da reconstrução
O jornal Le Parisien desta segunda-feira (23) traz uma reportagem especial sobre os trabalhos de reconstrução da Catedral Notre-Dame de Paris. Os reparos após o incêndio dependem de seis grandes etapas que ainda não começaram.
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É "uma reforma sob alta tensão", avalia o diário, recapitulando todos os pontos polêmicos e os riscos envolvendo a reconstrução da igreja, parcialmente destruída por um imenso incêndio em 15 de abril deste ano.
No interior da catedral, haverá o desmonte dos andaimes no alto da igreja que resistiram ao fogo, mas que correm risco de desabar a qualquer momento. Também precisam ser feitos o reforço na proteção das abóbadas abertas pelas chamas - para que a estrutura não desabe sobre as pessoas que trabalham no local - e a limpeza das vigas que derreteram durante o incêndio. Finalmente, será a vez da descontaminação do chumbro nas paredes e no chão da igreja.
Na parte exterior, impõe-se o mesmo trabalho de descontaminação, tanto nas pedras da catedral quanto no parque que a cerca - missão liderada por autoridades de saúde. Outro ponto importante é uma espécie de "guarda-chuvas gigante", em formato triangular, que deve ser instalado no final de 2020 e permanecer durante anos no teto da catedral.
Apesar das garantias do presidente francês, Emmanuel Macron, de que a Notre-Dame reabrirá em cinco anos, na prática, a questão é mais complexa, afirma Le Parisien. Entrevistado pelo jornal, o arquiteto que chefia a reforma, Philippe Villeneuve, acredita que mais importante do que cumprir esse prazo é "resgatar a principal função do local, um espaço de culto e acolhimento do público", afirma.
"Órfãos da Notre-Dame"
Em 216 anos, este será o primeiro Natal dos franceses sem a célebre igreja e todos os eventos de fim de ano que o local acolhia. Isto tornou fiéis e turistas "órfãos da Notre-Dame", afirma Le Parisien. A ausência da célebre missa de Natal na catedral será algo inédito para várias gerações.
Franceses idosos, entrevistados pelo jornal, talvez não possam realizar o sonho de voltar a frequentar a Notre-Dame. Por enquanto, não há nenhuma previsão de quando ela poderá ser reaberta ao público.
Enquanto isso, continuam as investigações sobre a origem do incêndio, cuja razão até hoje não foi determinada. Nos primeiros meses após a tragédia, investigadores parisienses interrogaram pedreiros, funcionários da catedral, religiosos e comerciantes. Mais de uma centena de testemuhos foram recolhidos pela polícia.
Paralelamente, especialistas em pesquisas arqueológicas analisam os destroços para tentar desvendar o mistério. Segundo Le Parisien, a hipótese de um acidente continua sendo a privilegiada, mas, como lembra um policial ao jornal: "não há nenhuma certeza de que um dia conheceremos a verdadeira causa do incêndio na Notre-Dame".
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