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Coreógrafo brasileiro Volmir Cordeiro leva aos palcos franceses uma metáfora da diversidade humana

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O bailarino e coreógrafo catarinense Volmir Cordeiro é doutor em dança pela Universidade Paris 8 e esteve presente em diversos festivais internacionais nos últimos anos. Ele apresenta a sua nova criação, Trottoir, no Centro Nacional da Dança, em Pantin, na grande Paris, antes de partir em turnê em 2020.

O bailarino e coreógrafo Volmir Cordeiro estreia seu novo espetáculo, Trottoir, no dia 10 de dezembro de 2019.
O bailarino e coreógrafo Volmir Cordeiro estreia seu novo espetáculo, Trottoir, no dia 10 de dezembro de 2019. RFI
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Para o coreógrafo, Trottoir, que significa calçada em português, é uma metáfora da diversidade humana. “É minha primeira peça de grupo. Eu compartilho a cena com cinco intérpretes e é uma peça que dá continuidade a um duo que fiz em 2015, chamado Rua, e agora eu estou abordando a calçada como um espaço de circulação de mundos, um espaço capaz de abrigar o múltiplo, o heterogêneo, e colocar em questão a transmutação de papéis sociais que a gente está o tempo inteiro pondo em prática”, explica.

Os bailarinos entram em cena com os rostos cobertos por meias coloridas. “Foi uma estratégia coreográfica que eu encontrei para suspender esta ficção individualizante do rosto. Foi uma alternativa para colocar o corpo dentro de uma ficção não identitária, que põe em prática toda a potência que a gente tem de ser muitas coisas ao mesmo tempo”, diz ele, que trabalhou na Lia Rodrigues Cia. de Danças, no Rio de Janeiro.

Gestos políticos

“Todo o meu trabalho está atravessado por este desejo de ser politizado. Acho que é muito importante hoje em dia a gente politizar as nossas escolhas”, diz ele, sobre um outro espetáculo que coreografou e dançou, chamado Ciel (Céu), de 2012, em que falava de minorias e povos marginalizados e com o qual ele fez a transição do trabalho de intérprete para o de coreógrafo.

Este catarinense nascido em 1987, em Concórdia, começou nos palcos fazendo teatro, ainda criança, já que sua família não aceitava colocar um garoto na dança. “Um menino dançar era uma aberração para eles. Então o teatro foi um refúgio para este desejo que eu tinha latente de dançar”, conta.

Florianópolis, Rio de Janeiro e França

Então mudou-se para Florianópolis para estudar Artes Cênicas na universidade. “Desde os 14 anos eu era apaixonado pela [coreógrafa] Lia Rodrigues, quando eu vi um espetáculo dela lá em Concórdia, graças ao Sesc, e tive um desejo muito grande de dançar com ela”, revela.

“Então, com 21 anos eu fiz uma audição, interrompi os estudos em Santa Catarina e me mudei para o Rio de Janeiro para fazer parte da companhia dela. Este desejo de dançar foi se profissionalizando muito rápido. Com a Lia, isso explodiu. Fizemos muitas turnês juntos pela Europa”, relembra.

Em 2011, ele se mudou para a França para realizar estudos coreográficos no mestrado Essais - Centre National de Danse Contemporaine d'Angers. Artista-pesquisador, trabalhou como intérprete com os coreógrafos Alejandro Ahmed, Lia Rodrigues, Cristina Moura, Xavier Le Roy, Laurent Pichaud, Rémy Héritier, Emmanuelle Huynh, Jocelyn Cottencin e Vera Mantero, entre outros.

“Depois de terminar o mestrado, que tinha como objetivo formar jovens criadores, eu entrei no doutorado, na Universidade Paris 8, voltado para analisar obras brasileiras de coreógrafos que eu aprecio muito e que são importantíssimos para a história da dança brasileira, como Marcelo Evelin, Luiz de Abreu e Micheline Torres”, conta ele, que também ensina criação coreográfica em escolas e universidades de dança francesas.

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