Acessar o conteúdo principal
Greve

França : após levar 800 mil às ruas, mobilização contra reforma da Previdência continua

Cerca de 800 mil pessoas se manifestaram nesta quinta-feira (5) na França em protesto contra o projeto de reforma da Previdência. Dezenas foram detidos na capital, onde militantes radicais enfrentaram a polícia. O movimento deve continuar nesta sexta-feira (6) e alguns setores avisaram que seguirão paralisados durante os próximos três dias. Comerciantes já calculam os prejuízos, principalmente no turismo.

"Combater juntos ou sofrer sozinhos", diz faixa de manifestantes durante passeata que marcou o primeiro dia da greve em Paris.
"Combater juntos ou sofrer sozinhos", diz faixa de manifestantes durante passeata que marcou o primeiro dia da greve em Paris. REUTERS/Gonzalo Fuentes
Publicidade

Como sempre após os grandes protestos, a França assiste a uma batalha de números. Para o ministério do Interior, 806 mil pessoas se manifestaram (65 mil em Paris). Já o sindicato CGT avança um total de 1,5 milhão, dos quais 250 mil na capital.

As passeatas foram pontuadas por momentos de tensão e até confrontos em Paris, mas também em outras cidades, como Lyon, Montpellier e Toulouse. Às 18h pelo horário local (14h em Brasília), as autoridades já haviam detido 60 pessoas envolvidas em atos de violência e vandalismo. 

“Foi uma forte mobilização, tanto no setor público como privado”, declarou o chefe da CGT, Philippe Martinez. Yves Veyrier, do sindicato FO, também celebrou a paralisação que, segundo ele, foi bem maior que as de 2010 e 1995, quando a França enfrentou greves históricas.

Apesar do tom otimista dos sindicalistas, o governo não parece disposto a rever seus planos para o contestado projeto de mudança do sistema de aposentadoria. O presidente Emmanuel Macron continua “calmo e determinado a implementar essa reforma”, indicou o Palácio do Eliseu, sede da presidência. Já o primeiro-ministro, Edouard Philippe, que mantém sua posição sobre a necessidade de reestruturar do funcionamento da Previdência, promete “se exprimir no meio da próxima semana sobre a arquitetura geral da reforma”.  

Transporte continua perturbado

Os sindicatos que organizaram os protestos se reúnem na manhã desta sexta-feira (6) para decidir as próximas etapas do movimento. Mas tudo leva a crer que a mobilização vai continuar, principalmente no setor dos transportes públicos. A RATP, empresa que administra as linhas de ônibus e metrô de Paris, já avisou que o serviço continuará fortemente perturbado até segunda-feira (9). A companhia ferroviária nacional SNCF também informou que 90% dos trens de alta velocidade não vão circular nesta sexta-feira.

Do lado dos transportes internacionais, apenas metade trens dos Eurostar, que ligam França e Inglaterra, devem funcionar, enquanto um terço dos Thalys, que vão para Bélgica e Holanda, foram anulados. A companhias aéreas Air France, EasyJet, Ryanais e Transavia também cancelaram vários voos nesta sexta-feita, em rotas nacionais e internacionais. Segundo a Air France, os trajetos transatlânticos (como para o Brasil) não devem ser perturbados. 

Turismo já teme impacto da greve

Diante da situação, alguns setores, como o turismo, temem o impacto concreto da greve. Se nessa quinta-feira vários museus e monumentos ficaram fechados, pegando de surpresa os visitantes de passagem pela capital, os representantes do setor hoteleiro já fazem as contas do prejuízo. Segundo um porta-voz do GNI-Synhorcat, entidade que reúne 15.000 estabelecimentos, entre hotéis e restaurantes, as reservas para a noite desta quinta-feira sofreram uma queda de mais de 30% e as anulações dobraram em Paris e redondezas.

“Estamos muito preocupados com os próximos dias, pois anunciam uma prolongação do movimento até segunda-feira e isso já teve um efeito imediato nas anulações, que aumentaram”, declarou o representante do GNI-Synhorcat. Profissionais já notaram que em sites como Booking.com, nenhuma reserva para foi registrada para seus estabelecimentos no próximo fim de semana.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.