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Escalada Rússia-Ucrânia: “2024 será ano crítico para conflito”, diz especialista

A Rússia vai “intensificar” os ataques a alvos militares na Ucrânia em represália ao bombardeio sem precedentes do Exército ucraniano à cidade russa de Belgorod, situada 40km ao norte da fronteira com a Ucrânia, neste fim de semana, anunciou na segunda-feira (1°) Vladimir Putin. O ataque a Belgorod foi uma resposta a ataques russos a várias cidades ucranianas.

Foto retirada de um vídeo publicado no Telegram pelo Ministério russo de Situações de Emergência, no sábado, 30 de dezembro de 2023. Socorristas transportam pessoa ferida após bombardeios ucranianos em Belgorod na Rússia.
Foto retirada de um vídeo publicado no Telegram pelo Ministério russo de Situações de Emergência, no sábado, 30 de dezembro de 2023. Socorristas transportam pessoa ferida após bombardeios ucranianos em Belgorod na Rússia. AP
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Desde o começo da semana passada, o conflito entre Kiev e Moscou vive uma escalada, que deve se agravar nos próximos dias. Para especialista entrevistado pela RFI, o ano de 2024 “será crítico” para conflito.  

“Nós vamos intensificar os ataques, nenhum crime contra civis ficará impune, com certeza”, declarou Putin durante a visita de um hospital militar, precisando que futuros ataques serão realizados “contra instalações militares”.

“Nós atacaremos com armas de precisão os locais onde as decisões são tomadas, os lugares onde se reúnem os sodados e os mercenários e outros centros deste tipo, sobretudo instalações militares”, continuou o líder russo.  

Ele chamou de “ato terrorista” o bombardeio ucraniano em Belgorod, que deixou 24 mortos e mais de uma centena de feridos no sábado (30), e acusou Kiev de atacar “o centro da cidade”, onde as “pessoas passeavam antes do Réveillon”.

Putin, no entanto, afirmou que a Ucrânia não age por conta própria e acusou os países ocidentais de usarem as autoridades de Kiev para “resolver seus próprios problemas” com a Rússia.

O presidente russo também disse que as forças de Moscou contavam com “a liderança estratégica” no front na Ucrânia, onde avançam, após o fracasso da contraofensiva ucraniana que começou no meio do ano passado.

Retaliação e escalada

O ataque de Belgorod foi uma resposta a uma série de bombardeios russos a cidades ucranianas na sexta-feira (29), que deixaram cerca de 40 mortos.

O especialista Guillaume Lasconjarias, historiador militar e professor da Universidade Paris Sorbonne, diz que os russos continuam a ação que começaram no inverno de passado. “Uma campanha de terror massiva com ataques com mísseis e drones”, que visa “ter um impacto na população”.

Ele destaca também a importância estratégica do Mar Negro, com uma forte presença de navios russos para impedir os ucranianos de utilizar o canal para escoamento de grãos. “A batalha naval que está acontecendo é importante porque mostra bem que os ucranianos são capazes também de afastar e atacar, por exemplo, o porto de Sebastopol” na Crimeia ocupada, analisa.

“Os russos, por sua vez, não consideram a possibilidade de deixar a liderança nas mãos dos ucranianos. Estamos então em um período que não é de pausa, já que os dois lados procuram conservar uma parte da liderança e para isso utilizam todos os meios que têm à disposição”, salienta.

Após o ataque de Belgorod, a Rússia convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. Para o especialista, a Rússia tenta adicionar um componente diplomático ao terreno militar para chamar a atenção de países como França, Estados Unidos e Reino Unido para o ataque ucraniano. “Uma maneira de usar a arma diplomática para colocar os ocidentais, cujas posições se enfraqueceram nos últimos tempos, na posição de ter que explicar à opinião pública por que continuam a fornecer armas” à Ucrânia, diz Lasconjarias. Por isso, para ele, “2024 será um momento crítico para o conflito”.

(RFI e AFP)

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