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Anexação de territórios ucranianos: resultados parciais de referendos mostram vitória do "sim"

Termina nesta terça-feira (27) a consulta de moradores de quatro regiões ucranianas sobre a anexação à Rússia. Segundo uma agência estatal de notícias russa, 96% dos votos apoiariam a anexação dos territórios. Autoridades locais prometem divulgar os resultados rapidamente.

Eleitora deposita seu voto em uma seção eleitoral de Donetsk, durante realização do referendo sobre a adesão da região à Rússia, em 27 de setembro de 2022.
Eleitora deposita seu voto em uma seção eleitoral de Donetsk, durante realização do referendo sobre a adesão da região à Rússia, em 27 de setembro de 2022. REUTERS - ALEXANDER ERMOCHENKO
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Com informações da enviada especial da RFI à Donetsk, Anissa El Jabri, e agências

No total, desde a última sexta-feira (23), quatro regiões são submetidas ao referendo sobre a anexação à Rússia: Donetsk e Lugansk, repúblicas autodeclaradas e pró-Moscou, e duas outras zonas ocupadas pelas tropas russas no sul, Kherson e Zaporijia. 

A consulta vem sendo realizada majoritariamente pelas "brigadas móveis", que levam as urnas até os prédios ou às casas dos moradores. No entanto, em Donetsk, os eleitores podem votar presencialmente nesta terça-feira. Para incentivar a participação no referendo, as autoridades locais declararam feriado. 

Organizado às pressas e em territórios cuja segurança não é uma garantia, já que combates e bombardeios continuam, os observadores foram escolhidos e convidados pelas autoridades locais. 

Os organizadores se orgulham de ressaltar que a taxa de participação da consulta em Donetsk ultrapassava 77% na segunda-feira (26); 76% em Lugansk. Em Kherson e Zaporijia, regiões não favoráveis à ocupação militar russa, apenas 50% dos eleitores votaram no referendo até o momento. Cerca de 600 locais de votação foram disponibilizados para os ucranianos deslocados à Rússia. 

Vitória "esmagadora" do sim

A agência de notícias estatal russa RIA indicou nesta tarde que os primeiros resultados mostram uma vitória esmagadora do "sim", com 96% dos votos a favor da adesão dos territórios. Independentemente da apuração das urnas, a Rússia já debate a anexação, como mostram as recentes declarações do líder da Crimeia, Sergey Aksyonov. 

"Chegaremos em breve a um ponto no qual será impossível fazer marcha à ré. Esses territórios serão integrados à Federação da Rússia. Não falaremos mais de operação militar, mas muito provavelmente de operação contra o terrorismo em nosso território", disse. 

Esse regime implicará, sem dúvida, em entradas e saídas controladas pelo FSB, o serviço de inteligência russo, além de batidas nas residências dos moradores sem mandado da justiça. Instaurado na Chechênia em 1999, essas operações duraram dez anos. 

Putin quer "salvar" ucranianos

Apesar da condenação da comunidade internacional, o presidente russo, Vladimir Putin, mantém seu discurso de ajuda aos ucranianos. "O salvamento das populações nestes territórios onde são realizados os referendos (...) está no centro da atenção de nossa sociedade e de todo o país", declarou, durante uma reunião governamental nesta terça-feira. 

A anexação das regiões pode ser anunciada até o final desta semana. O Kremlin, aliás, já projeta esse cenário, segundo anúncio do porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov. "Nesses territórios, haverá mudanças importantes do ponto de vista jurídico, do ponto de vista do direito internacional e com consequências respectivas [às medidas tomadas] para garantir a segurança", declarou nesta terça-feira, em uma coletiva de imprensa.   

Para a União Europeia, os referendos são "ilegais" e os responsáveis serão punidos. "Haverá consequências para todas as pessoas que se envolveram na organização [das consultas]", disse o porta-voz da diplomacia europeia Peter Stano nesta terça-feira. Segundo a ministra francesa das Relações Exteriores, Catherine Colonna, novas sanções serão anunciadas e dirigidas a "setores que não haviam sido penalizados até agora".

Já os países do G7 prometeram "jamais reconhecer" os resultados desses referendos. Os Estados Unidos dizem que haverá uma réplica "rápida e severa" através de medidas econômicas contra Moscou.

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