Croácia assume presidência da UE com o desafio de concretizar o Brexit
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Seis anos após sua adesão à União Europeia (UE), a Croácia assume neste 1° de janeiro, pela primeira vez, a presidência rotativa do bloco. Até junho, os croatas terão pela frente um mandato, no mínimo, intenso e laborioso.
Da correspondente da RFI em Bruxelas
Os principais desafios da Croácia neste primeiro mandato à frente da União Europeia serão a saída do Reino Unido do bloco, marcada para o dia 31 de janeiro, as negociações pós-Brexit e a provável abertura de negociações com a Macedônia do Norte e a Albânia para uma futura adesão. Antes disso, porém, as autoridades de Zagreb têm um encontro com os eleitores nas urnas.
A Croácia está em plena campanha eleitoral. No dia 5 de janeiro, a população vota para decidir em segundo turno quem será o futuro presidente. A atual governante conservadora, Kolinda Grabar Kitarovic, disputa com o ex-premiê de centro-esquerda Zoran Milanovic. Entre as prioridades do futuro governo croata estão uma rápida integração ao espaço Schengen de livre circulação, considerada vital para a indústria turística do país, e também à zona do euro.
A adesão à União Europeia em 2013 ocorreu no pior momento, quando o bloco estava em meio a uma crise institucional e a Croácia ainda sofria as consequências da crise econômica de 2008. Em cinco anos, o país se beneficiou de bilhões de euros em fundos de solidariedade europeus e, nos últimos dois anos, o crescimento retornou. As exportações aumentaram e o desemprego recuou, mas milhares de croatas continuam deixando o país em busca de melhores oportunidades de trabalho no exterior.
Muitos economistas temem que a adoção da moeda única tenha efeitos destrutivos, num país em que os preços são muito elevados e o salário médio (cerca de € 700) permanece significativamente inferior à média europeia. Na presidência rotativa da União Europeia, o novo governo croata terá de lidar com essas resistências internas e gerenciar a saída do Reino Unido.
Brexit projeta Europa em nova fase em 2020
O ano de 2019 na União Europeia começou e fechou com o Brexit. No dia 15 de janeiro, o Parlamento do Reino Unido rejeitou pela primeira vez – no total foram três rejeições – o acordo fechado entre a então primeira-ministra britânica, Theresa May, e o bloco europeu. A data inicialmente prevista para o Brexit seria dia 29 de março mas foi adiada três vezes e agora o novo prazo é 31 de janeiro próximo, sob o comando do premiê britânico, Boris Johnson. E desta vez, tudo indica que será definitivo.
Em maio passado, cerca de 400 milhões de cidadãos europeus foram às urnas para eleger seus deputados. Pela primeira vez, os conservadores e socialistas, que formam os dois partidos tradicionais do Parlamento Europeu, perderam poder. Os partidos populistas de direita e eurocéticos avançaram, mas bem menos do que era previsto. Nas eleições europeias, os verdes ganharam mais representação no Legislativo.
Depois do Brexit, a questão climática foi o assunto com maior destaque nas discussões em Bruxelas. Apesar das promessas, houve pouco avanço. Uma das prioridades da nova presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen é o Pacto Verde para a Europa – Green Deal. Von der Leyen e sua equipe assumiram no mês passado para um mandato de cinco anos.
Pacto Verde
Para frear o aquecimento global e talvez também o crescimento dos partidos verdes, a Comissão Europeia deve apresentar até meados de março uma roteiro de como pretende fazer da Europa o primeiro continente neutro em carbono até 2050, transformar o Banco Europeu de Investimentos em Banco Climático, com investimentos de 1 bilhão de euros, entre outras iniciativas.
Tanto a Conferência do Clima da ONU, que aconteceu em setembro passado em Nova Iorque, como a COP25 em Madri, em dezembro, foram um fracasso pela falta de engajamento e ambição de grandes poluentes como Índia, Estados Unidos, China, Brasil, Austrália e África do Sul. Segundo os ambientalistas do Greenpeace, a meta da União Europeia deve ser reduzir as emissões de carbono em pelo menos 65% até 2030. A meta atual do bloco é diminuir em 40% e Von der Leyen pretende chegar a 50%.
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