Papa Francisco nomeia cardeais especialistas em islã, imigração e meio ambiente
O papa Francisco nomeou neste sábado (5), em uma cerimônia solene na basílica de São Pedro, 13 novos cardeais, incluindo especialistas em diálogo com o islã e religiosos ligados a temas como imigração e meio ambiente.
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Os religiosos receberam o tradicional anel dos cardeais das mãos do pontífice, depois de jurarem fidelidade em latim. Durante a homilia, Francisco lembrou que um cardeal deve ser leal e ter, acima de tudo, compaixão. "Muitos comportamentos injustos dos homens da igreja dependem da falta desse senso de compaixão", alertou o pontífice.
Cada Consistório para a nomeação de novos cardeais é visto como mais um passo para modelar uma escola que compartilhe a visão do papa argentino e que, um dia, deverá escolher seu sucessor. O próximo papa poderá ser um desses nomeados.
De um total de 225 cardeais, 128 têm menos de 80 anos e podem votar em um futuro conclave. Entre esses eleitores, mais de 52% foram eleitos diretamente por Francisco, um terço por Bento XVI e 14% por João Paulo II.
Metade dos novos cardeais tem o perfil de "missionários", revela um deles, monsenhor Miguel Ángel Ayuso Guixot, um discreto espanhol de 67 anos de idade, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Interreligioso. O religioso estava em missão no Egito e no Sudão e é um grande especialista em islã. O monsenhor espanhol Cristóbal López Romero, arcebispo de Rabat desde 2017, considera sua nomeação como um "impulso para as comunidades católicas do norte da África quase invisíveis".
O monsenhor guatemalteco Álvaro Ramazzini, de 72 anos, arcebispo da diocese de Huehuetenango, na Guatemala é um firme protetor dos mais desfavorecidos, migrantes e indígenas, além de defensor de causas ambientais. Já Matteo Zuppi, 63 anos, arcebispo de Bolonha na Itália, membro da comunidade Sant'Egidio defende o acolhimento de fiéis homossexuais pela igreja.
Os novos cardeais também incluem o jesuíta canadense de origem tcheca Michael Czerny, vice-secretário de uma seção do Vaticano encarregada de migrantes e refugiados, em colaboração direta com o papa Francisco.
Igreja no mundo moderno
Segundo observadores, o sumo pontífice é profundamente dedicado a "uma igreja inscrita no mundo moderno", em consonância com o Concílio Vaticano II. Por isso, ele fez questão de nomear cardeais de todos os continentes.
Da Ásia, vem o arcebispo de Jacarta, na Indonésia, Ignatius Suharyo Hardjoatmodjo, e da África o arcebispo de Kinshasa, Fridolin Ambongo Besungu. Os representantes da Europa incluem o arcebispo de Luxemburgo, Jean-Claude Höllerich, de 61 anos, presidente da Comissão de Episcopados da União Europeia. O mais novo dos novos cardeais é o monsenhor José Tolentino Medonça, português de 53 anos, com um perfil atípico por ser arquivista e bibliotecário da Santa Igreja Romana.
O papa também nomeou outros três religiosos que não podem ser eleitores já que têm mais de 80 anos. São o arcebispo britânico Michael Louis Fitzgerald, ex-embaixador do Vaticano, especialista em islã, Dom Eugenio Dal Corso, missionário italiano em Angola e um jesuíta lituano, arcebispo emérito de Kaunas, o monsenhor Sigitas Tamkevicius, que passou vários anos em uma prisão soviética por ter escrito um jornal clandestino sobre as perseguições dos católicos.
(Com informações da AFP)
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