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Síria/ONU

“Um dos maiores fracassos políticos do século 21”, diz Alto Comissário da ONU sobre Síria em Bruxelas

Sete anos de guerra, mais de 500 mil mortos e 5,5 milhões de refugiados. A Síria é um país devastado e com urgência para receber ajuda humanitária. A segunda Conferência Internacional para o futuro da Síria, organizada pela União Europeia e ONU, em Bruxelas, terminou com um saldo relativamente modesto. A comunidade internacional se comprometeu a doar apenas US$ 4,4 bilhões para apoiar programas humanitários para os refugiados sírios nos países vizinhos e os mais vulneráveis que vivem dentro da Síria.

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini (centro), junto ao sub-secretário para Assuntos Humanitários, Mark Lowcock (esq.) e Staffan de Mistura (dir.), enviado especial da ONU para a Síria.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini (centro), junto ao sub-secretário para Assuntos Humanitários, Mark Lowcock (esq.) e Staffan de Mistura (dir.), enviado especial da ONU para a Síria. REUTERS/Francois Walschaerts
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Letícia Fonseca, correspondente da RFI em Bruxelas

Os organizadores do evento esperavam mobilizar o dobro, US$ 9 bilhões. Segundo a ONU, alguns programas deverão ser cortados pela falta de verba. Além da assistência anual da União Europeia, Alemanha e Reino Unido foram os doadores mais generosos. No ano passado, os organizadores conseguiram arrecadar US$ 7,5 bilhões.

A situação humanitária na Síria é catastrófica. Menos da metade das instalações médicas são ainda operacionais. No ano passado, o número de ataques à hospitais, instalações médicas e ambulâncias aumentou em 25%. Mais de um terço das escolas sírias foram danificadas ou destruídas e 35% da população não tem acesso a água potável. No mundo, 5,5 milhões de sírios foram registrados como refugiados. A grande maioria - 5,3 milhões – foi contabilizada em países vizinhos- Egito, Iraque, Jordânia, Líbano e Turquia. Quase um milhão de refugiados sírios pediram asilo na Europa.

Atualmente, 13,2 milhões de pessoas, dos quais 5,3 milhões de crianças, precisam de ajuda humanitária em 200 mil zonas sitiadas e 1,2 milhões de zonas de difícil acesso dentro do país. Há 6,1 milhões de deslocados internos. Segundo a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede no Reino Unido, mais da metade da população do país, de 20 milhões de habitantes antes da guerra, foi obrigada a deixar suas casas. Na abertura do encontro em Bruxelas, o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, afirmou que “estamos testemunhando um dos maiores fracassos políticos do início do século 21”.

A Conferência Internacional sobre o Futuro da Síria em Bruxelas foi realizada em um momento diplomaticamente delicado. Apenas dez dias após a operação militar dos EUA, França e Reino Unido, como resposta ao alegado ataque químico das forças de Damasco contra a população da cidade síria de Duma, em Guta Oriental. Na semana passada, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, defendeu a importância vital de retomar as conversações de paz sobre a Síria mediadas pela Organização das Nações Unidas, em Genebra.

A prioridade na Síria agora é evitar nova catástrofe humanitária em Idlib. Durante a conferência em Bruxelas, o enviado especial da ONU para a Síria, Steffan De Mistura, alertou “Idlib não pode se tornar o próximo Aleppo, ou a nova Guta”. Idlib, província de dois milhões de pessoas, é o último reduto dos combatentes que se opõem ao regime do presidente Bashar al-Assad.

Durante os dois dias de conferência em Bruxelas, delegações de 85 países e organizações participaram do evento. A Rússia e o Irã, que apoiam o governo sírio, não enviaram representantes.

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