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Linha Direta

Novo governo da Itália é cópia do anterior

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O novo primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, apresentou ontem à noite a equipe de ministros do seu governo, confirmando muitos membros do Executivo anterior de Matteo Renzi. Nesta terça-feira (13), o novo gabinete se apresenta na Câmara dos Deputados para o voto de confiança. Amanhã, a votação será no Senado.

O novo primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, apresentou o novo ministério nesta segunda-feira (12).
O novo primeiro-ministro italiano, Paolo Gentiloni, apresentou o novo ministério nesta segunda-feira (12). REUTERS/Remo Casilli
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Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

Paolo Gentiloni tem 62 anos, é católico e filho de uma família de nobres e condes. Até domingo passado, ele era ministro das Relações Exteriores e da Cooperação Internacional do Executivo de Matteo Renzi, que renunciou depois do fracasso obtido no referendo de 4 de dezembro sobre a reforma constitucional. Com um caráter moderado e qualidades de mediador, ele é um político que conta com uma longa trajetória em partidos de centro-esquerda. De 2006 à 2008, Gentiloni foi ministro das Comunicações do governo de Romano Prodi.

Com as nomeações do novo governo, Gentiloni demonstrou lealdade a Renzi. Dos 18 ministros que compõem o gabinete, 12 são do Executivo anterior e foram mantidos em pastas chaves. Para citar alguns, Pier Carlo Padoan permanece nas Finanças, Roberta Pinotti na Defesa, Andrea Orlando na Justiça, enquanto para as Relações Exteriores foi nomeado Angelino Alfano, ex-ministro do Interior.

Prioridades do novo governo italiano

Gentiloni tem quatro prioridades em seu mandato. A primeira é encontrar um acordo no Parlamento para aprovar uma lei eleitoral com a qual os italianos possam votar o mais rápido possível e que permita ao próximo governo cumprir uma legislatura de cinco anos. Outra prioridade nacional é a reconstrução e a assistência às populações das áreas atingidas pelos terremotos.

O novo governo italiano também deve enfrentar os problemas financeiros do banco toscano Monte dei Paschi di Siena, em processo de recapitalização e que precisa captar € 5 bilhões de investimentos privados até o fim do mês, soma que, por enquanto, está longe de arrecadar.

Além disso, no próximo ano a Itália tem importantes desafios internacionais: o país entra no Conselho de Segurança das Nações Unidas, celebra em março, na capital, os 60 anos do Tratado de Roma, que marcou o nascimento da União Europeia, e recebe, em maio, a cúpula do G7 na cidade siciliana de Taormina.

Oposição fala em primeiro-ministro 'fantoche'

A manutenção de um governo com o mesmo perfil do anterior, apesar da derrota do Partido Democrático no referendo constitucional, provoca críticas na oposição. O Movimento 5 Estrelas, liderado pelo comediante Beppe Grillo, que propõe a participação democrática diretamente pela internet, disse que Gentiloni é um avatar, ou seja, uma metamorfose de Renzi. Segundo este movimento, trata-se de um governo "obsceno e enganador".

Para a Liga Norte, partido de extrema-direita, este governo significa uma perda de tempo, e Gentiloni é um primeiro-ministro "fantoche". A Força Itália, partido liderado por Silvio Berlusconi, também não poupou críticas.

Os partidos de oposição anunciaram que farão manifestações públicas em todo a país a partir de janeiro. Em tom unânime, os opositores pedem eleições imediatas.

Lei eleitoral precisa ser reformada

A lei eleitoral votada em maio de 2015, chamada Italicum, prevê um sistema majoritário para eleger a Câmara dos Deputados, enquanto a votação no Senado é proporcional. Essa assimetria prejudica a formação de uma coalizão estável e pode tornar o país ingovernável. A Corte Constitucional deve se pronunciar sobre essa lei em 24 de janeiro e provavelmente vai reprová-la, porque o sistema não é equilibrado nas duas câmaras do Parlamento. Nesse caso, será necessário adaptar a lei ou recomeçar do zero.

Segundo a imprensa italiana, existe a hipótese que muitos políticos criem obstáculos para adiar a adaptação da lei eleitoral. O motivo é que os parlamentares eleitos na atual legislatura têm de completar 54 meses e um dia de mandato para receber a aposentadoria. Portanto, no caso de eleições antecipadas, ou seja, antes de 15 de setembro de 2017, eles não receberão nenhum benefício. Fazendo as contas, são 591 parlamentares, ou seja, 399 deputados e 192 senadores. Isso significa que o Parlamento italiano pouparia quase € 20 milhões.

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