Com a economia exibindo sinais de recuperação, depois de anos em crise, os franceses lotam as lojas neste fim de ano para as compras de Natal. Nas sacolas, o novo e o antigo se encontram em 2017: para crianças e adultos, estão em alta os produtos hi-tech e vintage; as novidades e os clássicos.
Os pequenos sonham que o Papai Noel leve um robô para a árvore de Natal. Tem para todos os bolsos: desde o simples Doc de Clementoni, por € 35, até o completo Cozmo d’Anki, que por € 330 se comunica e transmite emoções. O modelo intermediário é o Lego Boost (€ 160), um robô construtor que pode ser guiado por um smartphone.
“É uma tendência de iniciação à codificação. Várias marcas lançaram robôs cujo primeiro passo é a criança montá-lo, juntar as peças. Depois, ela vai conseguir pilotar o robô pelo aplicativo – mas, para fazer isso, ela precisa decifrar um percurso feito com diferentes pictogramas. Com a associação correta dos pictogramas, o robô executa uma coreografia”, explica Yochka de Raspide, diretor da La Grande Récré Boulogne, uma das maiores lojas de brinquedos da França.
Brinquedos vintage
A tecnologia encanta a geração que nasceu em frente às telas, mas, ao mesmo tempo, redescobre brinquedos de outras épocas, como os tamagoshis, febre nos anos 1990, e toca-discos de vinil. As vendas de peões e massas de modelar personalizáveis explodem nas lojas parisienses.
Há até quem se anime a experimentar os jogos do Mega Drive, um dos primeiros videogames comercializados em grande escala, nos anos 1980. Além disso, a linha Star Wars continua a fascinar, assim como os unicórnios de pelúcia.
“Tem um lado nostálgico dos pais que compram esses presentes, que podem dizer aos seus filhos: ‘Veja só, na sua idade eu brincava com isso e agora você também está gostando de brincar’. Compartilhar essas memorias é um prazer para todos na época de Natal”, afirma De Raspide. “É claro que sempre teremos brinquedos de tecnologia, afinal essa é a nossa época. Mas os clássicos sempre têm lugar na caixa de brinquedos das crianças.”
Tendências para adultos
Já os adultos migram, a cada ano mais, para as prateleiras de tecnologia na hora de escolher o presente para o marido ou a sogra. 63% dos franceses pretendem comprar pelo menos um produto hi-tech. Ao lado de smartphones e tablets, que despontam na lista de pedidos, os fones de ouvido sem fio e os relógios inteligentes são a escolha dos antenados nas tendências.
Neste fim de ano, as vendas de CD e DVD também ganharam impulso, após a morte do cantor Jonnhy Hallyday, ícone do rock francês, no início de dezembro. Os perfumes e roupas de inverno são a escolha preferida entre os adeptos dos presentes tradicionais.
Uma pesquisa da Cofidis indicou que a maioria dos franceses, 54%, vai comprar uma parte dos presentes pela internet e a outra diretamente nas lojas - uma prova de que o ritual de fim de ano ainda inclui enfrentar as filas para sair do caixa com o pacote em mãos. “Prefiro comprar nas lojas da rua, perto da minha casa, e adoro ver a decoração de Natal das grandes lojas. As festas de Natal são para isso também”, comenta a cliente Laura, em Paris.
Orçamento generoso
O crescimento econômico de 1,8% em 2017, projetado pelo Insee (Instituto nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos), anima os franceses a gastar neste ano. Se confirmado, terá sido o melhor desempenho desde 2011– e o resultado é que, em média, os gastos com o Natal devem chegar a € 749 euros, dos quais € 323 apenas em presentes.
“Para a minha mãe eu vou oferecer um chá no hotel de luxo George V, para o meu irmão comprei sapatos e para o meu pai um fim de semana num lugar legal. Vou ficar na média do orçamento dos franceses e talvez até passe um pouco porque tenho uma família grande”, conta a jovem Camille.
Para os comerciantes, o Natal deste ano não poderia ter caído em um dia melhor: com a festa na segunda-feira, os clientes terão um fim de semana inteiro para correr para as lojas e comprar, um cenário que alegra as perspectivas de vendas do setor.
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