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Radar econômico

Depois da crise, 72% dos franceses acham que carga tributária está excessiva

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Para tentar reduzir o déficit público de 4,1% em 2013 para 3,6% em 2014, a carga tributária na França se eleva a toda a semana. A última do governo socialista foi aumentar os impostos sobre a poupança e os seguros de vida, uma gota d’água a mais em uma situação que está cada vez mais difícil de os franceses suportarem.

Primeiro-ministro socialista, Jean-Marc Ayrault, comanda o governo francês.
Primeiro-ministro socialista, Jean-Marc Ayrault, comanda o governo francês. REUTERS/Charles Platiau
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Entre cortes de custos e aumento das receitas, o objetivo do governo francês é um esforço orçamentário de 18 bilhões de euros até o ano que vem. As classes mais ricas da população são o alvo da política econômica, mas como as contas continuam não fechando, neste ano centenas de pessoas com renda modesta estão pagando imposto de renda pela primeira vez na vida.

O economista Jacques Le Cacheux, especialista em tributação, explica por que a alternativa do aumento de impostos acaba se sobrepondo a do corte de gastos. “O nível de tributação na França hoje é um dos mais elevados do mundo. Todos os países europeus têm graves déficits orçamentários, mas é verdade que na França temos mais dificuldades em cortar os gastos públicos, em parte porque a maioria dos gastos na França são de proteção social. Ou seja, gastos de transferência de renda, de saúde, aposentadorias, que são difíceis de cortar”, afirma.

Na semana passada, uma pesquisa do instituto Ipsos mostrou que 72% dos franceses acham que a carga tributária está “excessiva” no país. O agente de turismo Antoine Bollinger está sentindo os aumentos no bolso – o dinheiro que antes ia para a poupança agora é guardado para pagar o Leão francês. “A gente precisa pensar duas vezes antes de comprar as coisas, e antes não era assim. O dinheiro que ia para as nossas economias para comprar um apartamento agora está indo para o governo”, lamenta.

O pesquisador Henri Sterdyniak, do Observatório Francês de Conjuntura Econômica, observa que esta sensação de estar pagando mais não é apenas uma impressão. “Provavelmente estamos chegando nos limites. Desde 2011, os governos aumentaram os impostos na altura de 3 pontos do PIB, ou seja, 60 bilhões de euros. Naturalmente, as pessoas acham que está demais”, diz.

Na opinião dele, a política econômica da França apenas segue as determinações da União Europeia, que optou pela austeridade ao invés de incentivo ao crescimento. “Precisaria haver uma estratégia de crescimento, na escala europeia, que nos permita ir para a frente. Ter mais receitas fiscais através do crescimento”, avalia. “Porém há três anos, a Europa faz o contrário, exige políticas de austeridade. Então as pessoas têm a sensação ou de pagar impostos demais, como na França, ou então elas vêem uma queda brusca dos gastos públicos e sociais.”

A Comissão Europeia considera que a França deveria melhorar a gestão dos gastos, ao invés de elevar ainda mais os impostos, o que acaba comprometendo o consumo das famílias e dificultando a retomada econômica.

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