França mexe na política familiar para arrecadar mais recursos
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O governo francês anunciou ontem uma série de medidas que modificam a política familiar no país. Havia grande expectativa de que o governo socialista, de volta ao poder desde maio de 2012, mexeria neste que é um dos tabus da esquerda, o Estado de Bem-Estar Social, diminuindo algumas das mais distintas ajudas sociais que existem na França. Porém não foi desta vez que isso aconteceu.
A medida que mais vai resultar em recursos extras nos cofres públicos para diminuir o rombo na seguridade social é um ajuste fiscal. Antes, as famílias com pelo menos um filho tinham uma redução de até 2 mil euros na declaração de imposto de renda. Agora, esta vantagem vai passar para no máximo 1,5 mil euros, atingindo os 12% de franceses com maior renda. O governo espera arrecadar mais de 1 bilhão de euros a partir de 2014.
A economista Helène Périvien, especialista em política familiar do Observatório Francês de Conjuntura Econômica, avalia que o conjunto de anúncios traz mudanças, mas não coloca em questão o modelo francês de proteção social.
O déficit na seguridade social francesa chegou a 13,3 bilhões de euros em 2012, sendo 2,5 bilhões só na área de assistência às famílias. A crise econômica força os governos não só francês, como em vários países europeus, a repensarem sobre como fechar as contas, com uma população que vive cada vez mais tempo. A medida fiscal revelada ontem apela novamente para a alta dos impostos para a parcela mais rica da população. Helène Périvien acha que, num momento de grave crise, o governo deveria ser ainda mais audacioso.
No Brasil, neste aspecto o ponto que mais causa preocupação é o déficit da previdência social, que deve aumentar 20 vezes até 2050 se reformas não forem feitas. O professor Luís Eduardo Afonso, especialista em Economia dos Programas de Bem-Estar Social da USP, explica as causas do problema (clique acima para ouvir).
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