Escândalo mundial de paraísos fiscais respinga no Brasil
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O escândalo apelidado de Offshore Leaks, uma série de reportagens que identificou centenas de pessoas que depositam fortunas em paraísos fiscais, residentes em 170 países, apontou também pelo menos três brasileiros recorrem a este recurso para evitar o pagamento de impostos. Os casos tornados públicos se referem a dinheiro obtido legalmente, porém no Brasil, o quarto país que mais manda dinheiro ao exterior para escapar dos tributos, o maior problema é o dinheiro obtido de maneira ilegal, difícil de ser identificado.
Os empresários Clarice, Fábio e Leo Steinbruch, da CFL Participações S.A, figuram com destaque na lista, que não foi divulgada integralmente. Francisco Lopreato, economista da Unicamp e especialista em economia monetária e fiscal, explica que o sistema financeiro brasileiro é mais regulado do que o europeu ou o americano. Ele diz que para um brasileiro que obtém rendimentos de maneira legal, o envio para paraísos fiscais raramente compensa.
No ano passado, o Senado brasileiro estudou um projeto de anistia fiscal para tentar repatriar pelo menos uma parte dos mais de 1 trilhão de dólares de brasileiros depositados no exterior. Lopreato lembra que, há cerca de 20 anos, o governo tomou uma medida inédita para estimular o retorno de fundos.
Na Europa, o economista francês Thomas Coutrot, membro da Attac, uma associação que prega a aplicação de taxas no mercado financeiro, considera que este é um bom momento para instaurar mais transparência a respeito dos rendimentos dos governantes. Ele acha que os políticos até hoje não se engajaram de fato em acabar com os paraísos fiscais, apesar dos discursos.
Embora a confirmação seja difícil de se obter, estimativas apontam que mais de 21 trilhões de dólares encontram-se em paraísos fiscais em todo o mundo.
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