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Rendez-vous cultural

Como será o amor no futuro? Mostra 'Futures of Love' em Paris projeta era de corpos virtuais, distopia e sensualidade

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A cartografia da vida amorosa se redefine ao ritmo de cada época. No caso do século 21, pode-se dizer que os instrumentos e os contextos amorosos se metamorfoseiam na velocidade da luz. Ao menos, é o que mostra a exposição Futures of Love, em cartaz no gigantesco galpão industrial dos Magasins Géneraux, em Pantin, às margens do canal de Ourcq, nos arredores de Paris.

Meddiengruppe Bitnik, Ashley Madison Angels At Work in Paris-Pantin, 2019 Instalação vídeo, som, 8:08 min.
Meddiengruppe Bitnik, Ashley Madison Angels At Work in Paris-Pantin, 2019 Instalação vídeo, som, 8:08 min. Courtesy the artists
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Um amor do futuro em que o corpo se desmaterializa e ganha novos suportes virtuais, ilimitados, e no qual todas as possibilidades são reais. Será? Keimis Henni, um dos curadores da exposição, explica o conceito da mostra.

"Falamos de 'futuros' do amor, no plural, porque ter a ambição de apresentar apenas um futuro possível para o amor seria redutor. Nós podemos apenas imaginar possibilidades. São ideias, pistas para refletir", diz. "O plural destaca a diversidade da visão dos artistas sobre o tema, não queríamos explorar apenas um caminho. Todos os visitantes podem, a partir daí, imaginar seu próprio futuro do amor, inclusive em suas vidas pessoais”, sugere Henni.

Desmaterialização do corpo

Num labirinto de 1.000 metros quadrados, a exposição Futures of Love serpenteia em oito capítulos, entre distopia, sensualidade, fetiche e esperança: Computed Love, o amor dos algorítmos; Virtual Love, o corpo virtual das relações amorososas; Self-Obsessed Love, a cultura selfie do amor; Robotic Love, o amor artificial dos robôs; Chemical Love, a atração estimulada pela ciência; Fluid Love, o amor e o sexo sem limites; Hypernatural Love, quando bichos e plantas amam, e Infinite Love, o amor como força criadora e universal.

"Vemos a desmaterialização da relação amorosa e carnal. A relação à distância, e também as relações por intermédio de objetos conectados, como webcams, aplicativos, chats. Mas a exposição também mostra a emergência da inteligência artificial, o fato de alimentarmos uma relação amorosa com uma espécie de espírito sem corpo", lembra o curador Keimis Henni. "Isso aparece de maneira bem forte no trabalho dos artistas, esse futuro que já começa a acontecer, como o sexo por Skype, as relações à distância, sentimentos amorosos sem que as pessoas tenham se encontrado fisicamente", diz.

Para ele, isso é percebido de maneira mais forte uma vez que as obras conceituais estão ligadas a suportes como a performance e o vídeo. "Não temos muitas esculturas na mostra. Os artistas escolheram trabalhar com estruturas que sublinham a desmaterialização, o corpo ausente, que desaparece", afirma Henni.

O amor na era da deepweb

Na exposição Futures of Love, você pode criar seu duplo virtual, que se trasnsforma num coelho que paquera outros avatares de pessoas reais, irônica referência ao coelho de Alice no País da Maravilhas. Mas o visitante também pode fazer sexo diretamente com avatares digitais, deitado sobre uma cama real, usando um capacete virtual.

Dezenas de jovens artistas ocidentais abrem alas para o futuro amoroso na mostra, como o francês Pierre Pauze, que recria em projeção audiovisual uma pista de dança com voluntários que ingeriram um poderoso psicotrópico, com ingredientes encontrados na chamada darknet, também conhecida como deepweb, com o objetivo de questionar o que seria o amor do ponto de vista químico.

"O público demonstra reações muito diferentes à exposição: às vezes, vemos pessoas que ficam paralisadas, mudas, que chegam aqui esperando ver uma exposição sobre o amor, com expectativas românticas. Podemos ter reações bastante extremadas. A mostra faz as pessoas se questionarem muito, entre o que se espera ver e o que se vê concretamente", conta o curador da mostra. 

"Por outro lado, há pessoas mais familiarizadas com essas questões, com a emergência de novas tecnologias, da robótica, da inteligência artificial, e tudo que diz respeito à fluidez das relações e dos gêneros. Elas vão apreciar a mostra, que destaca esse movimento extremamente contemporâneo da redefinição do conceito de uma relação amorosa", diz.

A exposição Futures of Love, que é gratuita e tem patrocínio do aplicativo de paquera Tinder, fica em cartaz nos Magasins Géneraux, em Pantin, até o dia 20 de outubro.

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