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Arquitetos franceses “tropicalistas” defendem metrópoles abertas e vegetalizadas no pós-pandemia

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Em vez de espaços fechados e protegidos e de uma sonhada volta à natureza, metrópoles abertas e vegetalizadas propõem os arquitetos franceses Guillaume Sibaub e Oliver Raffaelli. Os dois se formaram na França, mas foi no Brasil, onde fundaram a agência franco-brasileira Triptyque, que iniciaram sua carreira.

Os arquitetos Guillaume Sibaud e Olivier Raffaelli
Os arquitetos Guillaume Sibaud e Olivier Raffaelli © A. Brandão/ RFI
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A agência de arquitetura Triptyque foi fundada em 2000, no Rio de Janeiro, por quatro jovens que fizeram arquitetura na tradicional Escola de Belas Artes de Paris: Guillaume Sibaud, Olivier Raffaelli, Grégory Bousquet e Carolina Bueno. Somente alguns anos depois eles montaram em Paris um escritório da Triptyque, que hoje desenvolve projetos contemporâneos e sustentáveis no Brasil e na França, mas também em outros países da América Latina.

Começar a carreira no Brasil foi uma forma de ampliar a experiência e o currículo inicial, muito ligado à história das cidades europeias. “Foi uma possibilidade de confrontar, em um meio cultural próximo ao que a gente conhece, os desafios das grandes cidades de hoje, com todos os seus problemas em termos de desenvolvimento ambiental e problemáticas sociais”, lembra Sibaud..

Olivier Raffaelli confessa que houve também “uma paixão pelo Brasil, um amor à primeira vista”. “Quando chegamos ao Brasil em 2000, era um novo mundo para nós. Um mundo emergente, uma possibilidade criativa de construção (...) O Brasil para nós é o país mais exótico e mais familiar ao mesmo tempo”, compara.

Tropicalismo na arquitetura

Eles desenvolveram a noção de arquitetura tropicalista, que não é um movimento, mas uma referência. Segundo Guillaume Sibaud, esse termo indica “as inspirações que encontramos no Brasil, a história do Modernismo brasileiro, a relação com a natureza exuberante, tropical, e a interação entre a natureza e a arquitetura. A maneira como a escola de arquitetura brasileira abordou essas temáticas é extremamente inspiradora para o nosso trabalho", diz.

Adaptar essa “arquitetura tropicalista” à França foi instigante. “A gente fala de tropicalismo invertido. As cidades do Brasil foram feitas a partir das ideias europeias. A nossa ideia é que hoje a cidade europeia se construa a partir das ideias do novo mundo, onde, por causa dos problemas graves ambientais, sociais, de mobilidade, o povo tem que achar soluções. Tem que criar novas ideias. O tropicalismo invertido é a levar essa natureza, essa força, essa energia do Brasil para um país como a França”, explica Raffaelli.

Quarentena e pós-pandemia

Baseados em Paris e em São Paulo, os arquitetos da Triptyque já tinham o hábito de reuniões digitais e teletrabalho, que é uma tendência que veio para ficar, acreditam. Mesmo se algumas obras foram interrompidas, eles puderam continuar trabalhando nos projetos durante a quarentena no primeiro semestre na França. “No Brasil, infelizmente, essa situação não evoluiu. Para a equipe brasileira, está começando a ficar extremamente difícil”, relata Sibaub.

Mas os projetos e as ideias avançam. O isolamento confirmou essa necessidade de vegetalização que defendem dos espaços urbanos. “O confinamento questionou o modelo de cidade, de se ter acesso ou não a um espaço externo, público ou privado. Por isso, eu acho que temos que intensificar ainda mais essa vegetalização.”

Olivier Raffaeli não pensa que a Covid vai mudar nossa maneira de ser e critica esse sonho de volta à natureza, que surgiu com a pandemia. “Muita gente quer voltar para a natureza, para o subúrbio, ter uma casa e um jardim. Isso é uma ideia um pouco velha, é um estilo de urbanismo antiecológico. Você precisa de um carro, de um trem, ocupando muito espaço. A Covid não vai mudar a ideia que nós temos que viver juntos. Nunca senti tanta falta do abraço, das pessoas. Nós temos que criar uma cidade densa, mas superaberta, vegetalizada e humana. A Covid vai ajudar a colocar essas ideias simples (ecologia e luta contra mudança climáticas) no centro das conversas e dos projetos”, conclui.

 

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