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Morta no ostracismo em Paris, cantora brasileira Maria d’Apparecida ganha biografia

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A morte de Maria d’Apparecida em julho de 2017 chocou os brasileiros que vivem na França. Estrela da música lírica nos anos 1960, ela terminou seus dias sozinha na capital francesa, onde fez carreira e ficou conhecida como a primeira negra brasileira a interpretar a personagem Carmen, de Bizet, na Ópera de Paris. Uma biografia da cantora acaba de ser lançada no mercado editorial francês. 

A escritora Mazé Torquato
A escritora Mazé Torquato RFI
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A história de Maria d’Apparecida tinha tudo para se transformar em livro. Nascida em São Paulo e criada no Rio de Janeiro, dona de uma carreira internacional de dar inveja para os padrões da época, ela superou seus traumas, enfrentou o racismo e conquistou o exigente mundo da música lírica na Europa.

Filha de uma empregada doméstica, fruto de uma relação com o filho da patroa, ela perdeu sua mãe ainda criança e foi criada por uma família que a educou nos melhores colégios do Rio de Janeiro, aprendendo piano e francês. A paixão pela música a levou ao conservatório carioca, mas o Brasil dos anos 1950 não estava pronto para acolher uma cantora lírica negra.

“Ela não pode fazer carreira no Brasil e, como tinha ganho um prêmio na Itália, decidiu tentar carreira na Europa em 1959”, conta Mazé Torquato Chotil, autora Maria d’Apparecida – Une Maria pas comme les autres (Uma Maria diferente, em tradução livre), biografia da cantora, que acaba de ser lançada na França.

Em Paris, a mezzo-soprano gravou o primeiro de seus mais de 20 discos. Em seguida, fez grandes papéis em óperas europeias, viveu histórias de amor dignas de contos de fada – como levam a crer os rumores sobre seu romance com um membro da família real belga –, sofreu um acidente que quase tirou sua vida, e depois se tornou cantora popular, se apresentando ao lado de nomes como Baden Powell. Apesar dessa vida agitada, ela terminou sozinha, encontrada pelos vizinhos dias após sua morte em seu apartamento em Paris.

Uma associação foi criada para tentar preservar seu patrimônio, já que Maria d’Apparecida nunca foi adotada e, por essa razão, não tinha família. “A intenção desse livro é resgatar uma pessoa que foi tão importante para a música”, explica Mazé Torquato, brasileira radicada há décadas em Paris, que se sensibilizou com a história da cantora.

O livro, cujos direitos autorais foram doados para a associação Les amis de Maria d’Apparecida – Os amigos de Maria d’Apparecida, terá uma versão em português. O lançamento está previsto para novembro de 2020, no mês da Consciência Negra.

 

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