Para Lula, Brasil pode ser "voz que faltava" entre Israel e Palestina
Durante inauguração da rua Brasil na Cisjordânia, presidente diz que está pronto para negociar com o Hamas se for preciso. Lula diz que Brasil pode ser a "voz que faltava nas negociações" no conflito entre Israel e Palestina.
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Em sua primeira visita à Ramallah, na Cisjordânia, Lula foi recebido com festa. Cartazes e bandeiras coloriram a inaguração da rua Brasil em frente à sede da Autoridade Palestina. Em seguida, o presidente se reuniu com o dirigente palestino Mahmoud Abbas e o primeiro ministro Sallam Fayad. Depois do encontro, durante uma entrevista coletiva, o presidente brasileiro disse que o conflito entre israelenses e palestinos "precisa de uma voz equilibrada nas negociações", lembrando, mais uma vez, que o Brasil pode ser um mediador importante no conflito. "Sem unidade, so há perdedores. O Brasil fará o possível para trazer a paz para a região", disse. "O Lula é a pessoa mais otimista do mundo e os palestinos têm que estar coesos em torno de um Estado." O presidente também lembrou que árabes e judeus convivem em harmonia no Brasil, e o país nunca esteve tão empenhado em promover a paz.
Presidente Lula
O premiê Salam Fayad agradeceu o apoio do Brasil aos palestinos e prometeu a inauguração de uma rua em homenagem ao Brasil em Jerusalém, no futuro estado da Palestina. Já Abbas salientou que a visita do presidente Lula é histórica. "Este é o nosso segundo encontro em 5 meses e mostra a proximidade com o Brasil num momento político difícil. O lado israelense apresenta um desafio ao processo de paz com o anúncio de novos assentamentos."
Abbas voltou a dizer que os palestinos concordaram com as negociações indiretas, mas só aceitam voltar à mesa de negociações se Israel interromper a construção dos assentamentos. O primeiro ministro Benjamin Netanyahu, entretanto, já afirmou que as obras em Jerusalém vão continuar. Durante a visita do vice presidente americano Joe Biden, o governo israelense anunciou que mais 1600 casas serão construídas no setor oriental da capital, desencadeando umas das piores crises diplomáticas entre os dois países nas últimas décadas.
Presidente Lula
Para Lula, a crise entre os Estados Unidos e Israel pode ser positiva. "De vez em quando acontecem coisas impossíveis. Os Estados Unidos terem divergência com Israel parecia impossível, e aconteceu. Talvez essa fosse a coisa mágica que faltava para completar o acordo", disse o presidente. Questionado se o Brasil estaria pronto a dialogar com o grupo Hamas, Lula disse que está disposto a conversar "com quem quer que seja", e com todos que estejam envolvidos no processo. No encontro, Lula e Abbas também assinaram acordos bilaterais nas áreas de saúde, esporte, cultura e turismo. Em seguida, Lula seguiu para a Jordânia, onde foi recebido com pompa pelo rei Abdullah II, em em seu palácio em Amã.
Nathalia Watkins, correspondente da RFI em Jerusalém
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