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Linha Direta

Sob tensão política, chavistas e opositores vão às ruas na Venezuela

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Devido à suspensão do processo de convocação do referendo revogatório, a oposição venezuelana marcou para esta quarta-feira (26) uma grande manifestação, em meio ao aumento do conflito político no país.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro Reuters
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Elianah Jorge, correspondente da RFI em Caracas

Por sua vez, a ala governista também convocou partidários para as ruas. Até mesmo o Vaticano tenta intermediar a situação e defende um diálogo entre ambos os lados.

Após a decisão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de suspender por tempo indeterminado a coleta das assinaturas para o referendo revogatório, o clima voltou a ficar tenso na Venezuela.

Com o referendo, a oposição pretendia convocar novas eleições para tentar tirar Maduro da presidência. Os opositores estão indignados e nesta quarta-feira vão sair de sete pontos para marchar pela capital venezuelana.

Chavismo também marca protesto

Um dos líderes da oposição, Henrique Capriles Radonsky, afirma, caso seja necessário, o grupo irá até o palácio presidencial de Miraflores. Porém, o chavismo marcou sua própria marcha, em apoio ao governo.

O risco é de que os dois grupos se encontrem e que a situação saia de controle. No domingo (23), partidários do chavismo invadiram a Assembleia Nacional, onde os opositores apresentavam propostas para o reestabelecimento da linha constitucional da Venezuela.

A oposição garante que o governo ganhou ares de ditadura por suspender o referendo e remeter ao Tribunal Supremo de Justiça a aprovação do orçamento anual, em vez de apresentá-lo à Assembleia Nacional, ambas medidas previstas na Constituição Bolivariana.

Vaticano defende diálogo

Até mesmo o Vaticano defende um diálogo entre governo e oposição. O Estado designou o monsenhor Emil Paul, que é o núncio apostólico na Argentina, para mediar o diálogo entre os dois lados políticos.

A reunião está agendada para o próximo domingo (30), na ilha de Margarita, na costa venezuelana. Porém os líderes opositores divergem e afirmam que, sem a data do referendo, não haverá diálogo.

O secretário exectutivo da coligação opositora Mesa da Unidade Democrática, Jesús Chuo Torrealba, afirmou que participará da negociação, mas a MUD lançou um comunicado afirmando que o diálogo deve seguir com "respeito ao direito ao voto, liberdade para os presos políticos e retorno dos exilados e respeito à autonomia dos países".

Para alguns, a conciliação naufragou antes mesmo de começar e evidenciou as fraturas dentro da ala opositora. Por sua vez, a Conferência Episcopal da Venezuela informou que a reunião do próximo domingo não será o início do diálogo, mas que serão manifestados os pontos que cada um dos lados vai abordar durante o diálogo.

Já o presidente Nicolás Maduro, que voltou na terça-feira (25) ao país, após fazer um turnê internacional, na qual, inclusive, encontrou-se com o Papa Francisco, garantiu que participará das conversas com a oposição e o enviado papal.

Maduro promete ativar Conselho de Defesa

Ao voltar para a Venezuela, após visitar países em busca de apoio para aumentar o preço do petróleo, Nicolás Maduro encontra o país ainda mais conturbado.

Ele prometeu ativar o Conselho de Defesa da Nação, que é o máximo órgão de consulta para o planejamento e assessoramento do pode público em torno da defesa da nação, soberania e integridade.

Segundo o presidente, o encontro será realizado na manhã desta quarta-feira para "avaliar o golpe parlamentar da Assembleia Nacional e o plano de diálogo para a paz".

Quem está convocado para a reunião é o presidente da Assembleia Nacional, o opositor Henry Ramos Allup, além dos responsáveis pelo Conselho Nacional Eleitoral, do Tribunal Supremo de Justiça e do Conselho Moral Republicano. Maduro acusa o parlamentar opositor de ignorar a Constituição. De acordo com o líder governista, essa será a oportunidade de Ramos Allup de dialogar.

Oposição aprova julgamento político

Nesta terça-feira, a oposição, através da Assembleia Nacional, aprovou o início do julgamento político contra o presidente no qual será avaliado abandono de cargo sob a justificativa de que Maduro traiu a Constituição, a democracia e a busca do bem-estar comum.

Maduro é acusado de quebrar a ordem constitucional e foi convocado a comparecer na próxima semana no Parlamento. No entanto, a medida da Assembleia Nacional pode ser anulada pelo Supremo Tribunal de Justiça. Maduro rejeitou a iniciativa ao afirmar que a tentativa é de gerar desordem coordenada pelos Estados Unidos. A cúpula militar venezuelana também se manifestou e ratificou sua "incondicional lealdade" ao presidente venezuelano.

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