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Guatemala/Eleição

Humorista apoiado pelos militares lidera corrida presidencial na Guatemala

A Guatemala terá eleições gerais no domingo (6) em meio a uma crise política inédita, que provocou esta semana a renúncia e a prisão do ex-presidente Otto Perez Molina, denunciado por corrupção e fraude fiscal. Ontem, o vice-presidente Alejandro Maldonado, de 79 anos, assumiu interinamente o governo, mas ele é questionado por seus vínculos com a extrema-direita e decisões controversas. A crise no alto escalão do governo fortaleceu a candidatura de um humorista e apresentador de TV sem experiência política, Jimmy Morales, de 46 anos, que é apoiado pelos militares.

O humorista Jimmy Morales concorre às presidenciais na Guatemala por um partido com passado militar.
O humorista Jimmy Morales concorre às presidenciais na Guatemala por um partido com passado militar. REUTERS/Josue Decavele
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P. ouco mais de 7 milhões de gua e tamaltecos, de uma população de 16 milhões de habitantes, vão às urnas no domingo. Eles elegem um novo presidente, 338 prefeitos, 158 deputados e 20 representantes do Parlamento Centroamericano, um organismo dedicado à integração regional, sediado na Cidade da Guatemala.

Segundo pesquisa publicada na quinta-feira (3) pelo jornal Prensa Libre, o novato Jimmy Morales, do partido de direita FCN-Nación, deixou seus 13 adversários à presidência para trás e lidera a corrida com 25% das intenções de voto.

Ator, produtor de cinema e apresentador de TV, o humorista ficou conhecido do público com o personagem "Neto", um cowboy que vira presidente por acaso. Durante a campanha, Morales não apresentou um programa de governo concreto, mas seduziu uma parcela do eleitorado que o vê como uma alternativa aos políticos tradicionais. "Eu faço vocês rirem há vinte anos e prometo que, se for eleito presidente, não vou fazer vocês chorarem", promete Morales.

O segundo colocado, o advogado e empresário do setor do Turismo Manuel Baldizon, de 45 anos, derrotado nas eleições de 2011, acabou atingido pelo escândalo de corrupção no governo e recuou para 22,9%. Ele concorre pelo partido Líder, também de direita. O vice na chapa, Edgar Barquín, e seis deputados da legenda foram citados no esquema de corrupção e fraude que levou à renúncia de Molina.

A terceira colocada nas sondagens é Sandra Torres, de 59 anos, que já foi primeira-dama da Guatemala quando era casada com o ex-presidente Alvaro Colom. Ela disputa a presidência pelo partido social-democrata UNE e tem 18,4% das intenções de voto. Os conservadores acusam a ex-primeira-dama de ter integrado a guerrilha que combateu as autoridades entre 1960 e 1996, o que ela sempre negou. A guerra civil deixou um saldo trágico de 200 mil mortos e desaparecidos. Sob o mandato de Colom, ela dirigiu os programas sociais do governo com rigor.

Molina passa a noite na cadeia

Acusado de liderar um vasto esquema de corrupção envolvendo a alfândega, que liberava taxas de importação em troca de propina, Pérez Molina teve a prisão provisória decretada e passou a noite detido na capital.

Já o vice Maldonado prestou juramento como presidente interino nesta quinta-feira e prometeu uma ampla reforma ministerial. Ele fica no poder até 14 de janeiro, data da posse do novo presidente, mas é questionado por uma trajetória controversa que deixa os guatemaltecos vigilantes.

Vinculado à extrema-direita, Maldonado foi derrotado duas vezes em eleições presidenciais. Em 2013, quando foi juiz da Corte Constitucional, ele cancelou a sentença de 80 anos de prisão por genocídio contra o ex-ditador Efraín Ríos Montt.

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