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EUA/Racismo

Marcha em homenagem a jovem morto em Ferguson é interrompida por tiros

Um porta-voz da polícia de Ferguson, Misouri, declarou que seis tiros foram disparados durante uma caminhada de 300 pessoas em direção à igreja local, para prestar homenagem a Michael Brown, o adolescente negro que foi morto há exatamente um ano pelo policial branco Darren Wilson. O desfile deste domingo (9) teve de ser interrompido e ambulâncias foram enviadas para o local. Ao menos uma pessoa ficou ferida pelas balas que, de acordo com a polícia, foram atiradas de dentro de um carro.

Pai de Michael Brown (de boné preto e barba) assiste a solenidade em homenagem a seu filho, no local onde o garoto foi morto
Pai de Michael Brown (de boné preto e barba) assiste a solenidade em homenagem a seu filho, no local onde o garoto foi morto REUTERS/Rick Wilking
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Essa caminhada é apenas uma das muitas manifestações que acontecem desde ontem em homenagem ao rapaz. Neste domingo, centenas de pessoas usando camisetas com o retrato de Michael participaram de uma marcha, sob o slogan "Black Lives Matter" ou vidas negras importam. Depois, foram observados quatro minutos e meio de silêncio, em referência às quatro horas e meia que o corpo dele ficou exposto na rua depois do crime.

Duas pombas brancas foram soldas em homenagem a Brown e outras vítimas da violência policial. Familiares do rapaz participaram a seguir de uma marcha silenciosa, que denunciou também o fato de que o oficial Darren Wilson, autor dos disparos que mataram o rapaz, foi inocentado.

Esse crime foi o estopim de uma série de manifestações contra o racismo e a violência da polícia. Outros abusos policiais, em cidades como Baltimore e Nova York, deram origem a protestos parecidos. "Tem assassinato demais neste país", declarou Yvette Harris, que fundou a associação Mães Contra as Mortes Gratuitas em 2001, depois que seu filho foi assassinado em um acerto de contas entre facções criminosas. "As pessoas estão loucas, vamos precisar de muito tempo para sanar nossas feridas", afirmou a militante negra, que se deslocou da vizinha Saint Louis.

Problema epidérmico

Na sexta-feira (7), outro adolescente negro, Christian Taylor, foi morto por um policial, que recebeu uma denúncia de invasão de uma concessionária de automóveis na cidade de Arlington, Texas. Brad Miller, de 49 anos, ainda estava em formação nos serviços da polícia e disparou ao menos três vezes contra o rapaz desarmado.

O chefe da polícia de Arlington fez uma declaração corajosa depois do caso: "Este evento não é um caso isolado. Ele acontece em um momento em que o país enfrenta um debate sério sobre as questões de justiça social, desigualdades, racismo e infrações policiais", declarou Will Johnson em coletiva de imprensa.

Essa opinião é compartilhada pelo governo federal, como mostra um relatório sobre a morte de Michael Brown divulgado em março. No texto, o departamento de Justiça exige reformas profundas na polícia e no sistema judiciário local, que é acusado de ser um "ambiente tóxico", em que o racismo é sistemático. Barack Obama, o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos, também comentou em diversas oportunidades a necessidade de enfrentar a questão racial.

Em março, quando participava do 50° aniversário da marcha pelos direitos civis organizada por Martin Luther King em Selma, Alabama, o chefe de Estado afirmou que os Estados Unidos haviam progredido, mas que a luta contra o racismo não estava terminada.
 

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